Pesquisas comprovam que traços de personalidade são decisivos para o sucesso na educação e no trabalho. Agora, as escolas se preparam para ensiná-los e avaliá-los
>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana
CAMILA GUIMARÃES
Priscilla Gil, essa jovem de olhar confiante e tranquilo que aparece na foto abaixo, tinha apenas 6 anos quando passou pelo o que considera a maior frustração de sua vida. No 1º ano do ensino fundamental, quando deveria ser alfabetizada, ela não aprendeu a ler e escrever como seus coleguinhas. Repetiu o ano. Estudava num colégio particular num bairro de classe média alta, em São Paulo, perto de casa. “Lembro até hoje a vergonha que senti. Saí da escola depois de saber da má notícia e fui chorar na rua, sentada na calçada. Não me conformava”, diz ela. Seu pai também não se conformou com o diagnóstico da escola para justificar o fracasso da filha: dislexia. Foi procurar ajuda em outro colégio, o Vértice, um dos mais puxados do país, que a acolheu. Com a ajuda de uma professora, Priscilla trabalhou duro e, em um mês, já lia e escrevia. Perfeitamente? Não. As dificuldades e o embaraço causados pela alfabetização desastrosa acompanharam Priscilla pelo resto daquele ano e por todos os outros, até o ensino médio. Nunca foi boa aluna de português. No resto, ia melhor. Seu rendimento, no geral, ficava entre 55% e 65%. “Minha vida de estudante era assim: estudava para tirar 10, mas conseguia 6. Muitas vezes fiquei abaixo da média e tive de me recuperar”, diz.Tirar uma nota 6 na prova pode ser suficiente para muitos. Outros podem não achar bom, mas se conformam. Para Priscilla, que desde pequena queria ser médica, sempre foi uma frustração. A maioria desistiria. Ela sempre voltava para os livros para tentar entender o que errara, para fazer melhor da próxima vez. Aprendeu a organizar seus estudos e desenvolveu uma disciplina difícil de encontrar em alunos de qualquer idade. Raramente faltava às aulas. Em classe, não era de conversar. Virou frequentadora assídua dos plantões de dúvidas. Depois de passar o dia na escola, chegava em casa e estudava mais uma ou duas horas. Perdeu as contas de quantas vezes deixou de sair com as amigas ou viajar no final de semana para estudar. “Eu tinha duas opções: me entregar à tristeza e me conformar toda vez que tirava uma nota ruim, ou batalhar para conseguir realizar meu sonho de ser médica.”
Quem resume bem a escolha de Priscilla é o diretor do Vértice, Adilson Garcia: “A garota é uma guerreira”. Ela nunca mais repetiu o ano. Nem sequer pegou recuperação. Passou no vestibular e está no último ano de medicina. Faz estágio num grande hospital de São Paulo, das 6 às 16 horas, e ainda tem mais um período de estudos à noite, em casa. As amigas vão visitá-la no hospital. No final do ano, Priscilla prestará a prova para residência de anestesia. É a segunda modalidade mais concorrida, com 70 candidatos por vaga (só perde para dermatologia e empata com radiologia). Pergunto a ela se acha que conseguirá. “É claro que sim! Se é anestesia que quero, então é anestesia o que vou fazer.”
O que levou Priscilla para a faculdade de medicina? Que habilidades dessa jovem de 24 anos a colocaram a um passo de realizar o sonho de sua vida? Pais, professores e escolas estão atrás do segredo do sucesso dos alunos há tempos.
Você pode ler a reportagem completa na Revista Época
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