domingo, 24 de setembro de 2017

DORIAN por Napoleão de Paiva

Rumor de tarde de sexta-feira
Última do mês, agitação de vozes
Bulício, alvoroço, inquietação
Como se a derradeira dos tempos,
Tal sua intensidade, seus carros,
Gente, tráfego urbano apinhado
Como se todos de repente saídos
A passeio, ou às últimas compras
Dos mil itens supérfluos de hoje
Ou, simplesmente, a bater pernas Sob buzinas nervosas, tiranos celulares

Estrépito da vida moderna

Onde tudo o que desejo nessa hora
É meter-me numa tela de Dorian
Esconder-me lá no repousante
Quase-Azul das suas marinhas
Em vastidões insondáveis ou
Debaixo de uma sombra rósea
Nos vãos de nuvens esfiapadas
Ou da beleza do verde ou azul
Esbatidos em diáfanos lençóis
De praias a me acalmarem a alma

Que me acolhem, me cobrem
E me deixam repousar os sentidos
Reinventar os sonhos em cores
Silenciosas que tão bem conheci
Na displicência do mundo à beira-mar
A que necessito voltar sempre
Nem que seja em sonho pintado
Emoldurado em duas dimensões,
Para sentir o pulsar dos dias 
Idealizados e perdidos,
E chorar o leite derramado.

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