A polêmica reforma política, que propõe mudanças nas regras
eleitorais (PEC 77/03), tem avançado no Congresso, ainda que alguns pontos
sejam alvo de críticas. Um dos temas que mais tem gerado discussão é o sistema
eleitoral popularmente conhecido como “distritão”. O modelo põe fim ao
quociente eleitoral, que atualmente possibilita que candidatos menos votados
que outros sejam eleitos.
No
“distritão”, cada estado vira um departamento eleitoral e o cidadão vota em um
nome em seu distrito, elegendo assim os mais votados. Para o advogado e
professor de direito constitucional Camillo Machado, o sistema apresenta falhas
e encarece ainda mais as campanhas eleitorais.
“Se
a gente adotar o distritão, como passou agora na comissão e vai ser levado a
Plenário, um político para fazer campanha em 853 municípios, por exemplo, em
Minas Gerais que tem o maior numero do país, a campanha será elevada
exponencialmente os seus custos. E campanhas caras vão à contramão de um ideal
democrático de paridade entre a população. Então na verdade, haverá um
desvirtuamento, quando se fala em reduzir custos, não pode ser compatível em um
país de dimensão continental como o Brasil o distritão”, afirma Camillo
Machado.
Outros
pontos da reforma ainda geram divergências, como a criação do mandato de 10
anos para ministros do Supremo Tribunal Federal. Na visão do advogado Max
Kolbe, a medida é válida, mas o especialista ressalta que o mecanismo de
eleição dos magistrados também deveria mudar.
“Me
parece que seria melhor para a sociedade de um modo geral se outras
instituições também pudessem participar da escolha do ministro do Supremo
Tribunal Federal para que não aconteça tanto descrédito, como a gente vem
presenciando hoje. E também me parece que alterar a forma de escolha e reduzir
o prazo de permanência do magistrado na Suprema Corte do nosso país é uma
medida imprescindível e que deva ser tomada de imediato”, conta o advogado.
Apesar
das controvérsias, a comissão especial da Câmara que analisa a matéria aprovou
nesta terça-feira (15) os destaques apresentados no parecer do relator,
deputado Vicente Cândido (PT-SP). Além do “distritão”, os deputados também
mantiveram o Fundo Especial de Financiamento da Democracia, que será originado
a partir de recursos públicos.
O
texto do relator determina que as campanhas sejam custeadas com 0,5% da receita
líquida, cerca de R$ 3,6 bilhões em 2018. A reforma política é tratada como
prioritária pelos parlamentares, já que qualquer mudança no sistema
político-eleitoral precisa ser aprovada pelo Congresso até sete de outubro,
data limite para que tenha validade já nas eleições de 2018.
*O Mossoroense
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