A deputada estadual
Márcia Maia (PSDB) promoveu nesta quinta-feira (31), Sessão Solene para lembrar
a conquista da criação da Delegacia da Mulher no Rio Grande do Norte. Durante a
sessão, que contou com a presença dos deputados Hermano Morais (PMDB), Carlos
Augusto Maia (PSD) e Larissa Rosado (PSB), a parlamentar homenageou delegadas e
ex-delegadas que fazem parte da luta para combater a violência contra as
mulheres.
“Maria – morta a pedradas. Josefa, assassinada pelo marido, na
frente dos três filhos. Leidiane, Fabiana, Elidiane, Ana e Roberta, todas,
tiveram a vida tomada a golpes de faca. Antônia, Andreza, Naiara, Francycris,
Mykaella, vítimas de tiros. Todas mulheres. Todas assassinadas no Rio Grande do
Norte por pessoas que diziam amá-las. Todas mortas pelo machismo, pelo
sentimento de posse, pela crença de que a vida da mulher não pertence a ela. Em
nome delas e todas as demais mulheres assassinadas em nosso estado, estamos
reunidas hoje”, discursou a deputada Márcia Maia ao abrir a sessão que foi
marcada por depoimentos emocionantes e emocionados.
“Estamos aqui também para reconhecer o quanto avançamos e o
quanto ainda precisamos avançar, mas também para exaltar a coragem, o trabalho
e, sem dúvida, denunciar os obstáculos que tem sido impostos às Delegacias
Especializada de Atendimento à Mulher no Rio Grande do Norte na luta pela
preservação da vida de mulheres”, justificou Márcia.
De acordo com a parlamentar, em pouco mais de 30 anos das DEAMs
no estado, há apenas cinco unidades para atender os 167 municípios e o efetivo
policial continua abaixo do necessário. Para Márcia, esse é o principal
problema da Polícia Civil do Rio Grande do Norte.
Na sessão que contou com a presença das Secretárias de Políticas
para as Mulheres do Governo, Flávia Lisboa, e da Prefeitura de Natal, Andréia
Alves, foram homenageadas Igara Maria Pinheiro da Rocha, Ana Paula Pinheiro de
Vasconcelos Ferreira de Melo, Ana Alexandrina Gadelha Gonçalves, Luana Pessoa
Aby Faraj Lima, Renata Costa Rodrigues, Cristiane Magalhães Ribeiro, Ana
Cláudia Saraiva Gomes, Rossana Roberta Pinheiro de Souza, Paoulla Benevides
Maues de Castro, e Margareth de Brito Gondim.
Falando em nome das homenageadas, a delegada aposentada
Margareth Gondim contou histórias que viveu como titular da Delegacia da Mulher
quando foi criada pela então prefeita de Natal, Wilma de Faria. Ela lembrou de
casos como o de uma mulher flagrada em cárcere privado pelo marido, que foi
libertada pela servidora, que invadiu a casa e colocou a “porta adentro”. “A
senhora é muito atrevida”, disse o marido violento no dia seguinte ao abordar a
delegada, mostrando as dificuldades de tratar do assunto na época. “Isso
aconteceu ao longo de 14 anos, mas a violência não mudou”, afirmou a delegada,
referindo-se ao tempo em que passou à frente da DEAM.
Emocionada, a delegada ressaltou a iniciativa da então prefeita
Wilma de Faria, responsável por criar a Delegacia da Mulher em Natal. “Não
posso deixar de falar no nome de nossa ‘rainha guerreira’. Não fosse ela e o
amor à causa, nada disso teria acontecido”, disse a delegada que encerrou o
discurso chorando.
Presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande
do Norte (Adepol), Paoulla Benevides Maues de Castro também fez discurso na
solenidade. “Não é fácil ser polícia no país, avalie aqui no Rio Grande do
Norte onde temos passado por muitas dificuldades”, disse a presidente, que
convidou a delegada Margareth Gondim para entregar flores à delegada Ana
Cláudia Saraiva Gomes.
“A polícia hoje veio à Assembleia Legislativa chorar”, agradeceu
a policial, ressaltando que a emoção não revela fraqueza das mulheres. “Nós
somos lindas e maravilhosas, mas quando precisar pegamos o fuzil e a
metralhadora”, encerrou Ana Cláudia, torcendo para que daqui a 30 anos os
números e a realidade sejam outros, referindo-se à violência contra as
mulheres.
*PortalNoAr