Agência Brasil
A ouvidora nacional dos Direitos Humanos da Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência, Irina Karla Bacci, disse ontem (6), em audiência
pública no Senado, que os fatos ocorridos na semana passada, durante
manifestação de professores em Curitiba, revelam a falência da
capacidade de diálogo. “Manifestamos preocupação pelo fato de que a
violência gerada entre o movimento grevista e as forças de segurança do
Paraná demonstra a falência dos órgãos, inclusive dos manifestantes, de
gerenciar suas crises e seu diálogo", disse.
A audiência pública
que discutiu a ação policial durante manifestação de professores do
Paraná, no dia 29, ocorreu na Comissão de Direitos Humanos e Legislação
Participativa (CDH) do Senado. O protesto foi contra a votação de um
projeto do governo estadual (PL 252/15) que altera o sistema de
Previdência Social dos servidores estaduais. Na ocasião, manifestantes
foram atingidos por balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo
disparadas pela polícia. Mais de 200 manifestantes ficaram feridas.
Segundo o governo estadual, 20 policiais ficaram feridos.
De
acordo com Irina, a ouvidoria recebeu, entre os dias 29 e 30 de abril,
22 denúncias de cidadãos do Paraná sobre o episódio pelo Disque 100,
muitas feitas por alunos e filhos dos professores que estavam na
manifestação. Ela informou que vai hoje, no final do dia, ao Paraná para
se reunir com integrantes do Ministério Público Estadual, da Defensoria
Pública e da Ouvidoria de Polícia do estado a fim de averiguar a
situação.
“As imagens falam por si só. Precisamos buscar solução para que não haja
mais violência antes de tentar encontrar os culpados. Houve falência de
negociação e de gerenciamento de multidões e de conflitos que tem se
estabelecido em toda e qualquer manifestação que ocorre neste país. A
repressão foi bastante forte”, disse a ouvidora. Segundo Irina, chamaram
a atenção os ferimentos provocados por armamentos não letais e o uso de
helicóptero pela polícia.
Na avaliação da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), houve excesso do
poder repressivo contra os professores. “Não foi um confronto. Foi um
massacre. Confronto é quando as forças estão equilibradas e lá, naquele
momento, não estavam. Estive lá representando o Senado. Vivenciei e vi o
que aconteceu. O que vimos foram duas horas de bombas de gás
lacrimogêneo, de cachorros [atacando manifestantes], de tiros de bala de
borracha”, disse a senadora.
Para Gleisi, os responsáveis pela
ação têm que ser denunciados. “Hoje vamos apresentar no plenário uma
moção [de apoio aos professores e repúdio à ação policial] e vamos fazer
denúncia aos organismos internacionais de direitos humanos”, disse a
senadora.
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