A primeira final do Campeonato Paulista não foi uma partida bonita. No lugar da beleza houve apenas alguma intensidade, temperada pela emoção inerente às decisões, e o peso da lógica. Decepção para quem esperava por um show do Santos e satisfação pela valentia do Guarani, que pode ser pequeno, mas jogou como grande.
Os campineiros iniciaram a decisão dispostos a mostrar ao Santos o poder de seu futebol coletivo. Não havia outro caminho para apresentar-se ao ataque e criar alternativa para a vitória. Todos sabiam quem era o favorito. Longe de casa, Vadão poderia trabalhar com duas estratégias: a primeira era colocar os 11 jogadores atrás da bola e buscar os contra-ataques, atraindo o adversário para seu campo.
Mas a segunda lhe pareceu mais atraente: jogar como grande e surpreender o Santos, com intensidade na marcação para roubar do adversário o conforto da troca de passes no meio de campo, de bolas que invariavelmente acabam nos pés de Neymar.
Logo no primeiro minuto veio o lembrete, como aquele recado que você costuma deixar para você mesmo: Neymar partiu em altíssima velocidade, fazendo fila, até ser derrubado na entrada da área. A cobrança de Elano, no travessão, colocou o Guarani no rumo da marcação e do ritmo que deveria empregar à final.
Para diminuir a possibilidade de Neymar resolver o jogo, os outros dez não poderiam jogar. Com o passe debilitado e lento, o Santos passou todo o primeiro tempo à espera que o menino decidisse, o que geralmente acontece. Na mesma proporção, chamava a atenção a falta de compromisso santista com o jogo coletivo.
Até que aos 42 minutos, sem que tivesse jogado para tanto, o Santos abriu o placar. Com jogada de Neymar pela esquerda, a bola chegou à entrada da área, para a perna esquerda de Paulo Henrique Ganso decidir.
A vantagem no fim da primeira etapa, porém, não explicava a partida, tampouco premiava o bom futebol.
O Guarani é um time autoral, montado por Vadão e por seu auxiliar Gersinho. Do presidente bugrino Marcelo Mingone, o treinador recebeu liberdade para escolher os jogadores e montar o grupo, ao mesmo tempo em que conhecia também a lista das dificuldades de um clube que não conseguiu aproveitar seu momento de glória, o título brasileiro de 1988.
A tarefa para o segundo tempo era repetir a pegada, como forma de manter alguma esperança na partida do próximo domingo. Ao Santos cabia, pelo menos, apresentar a mesma disposição mostrada pelo Guarani. E foi o que aconteceu. Não bastava esperar por Neymar, era necessário sentir a final, pressionar com marcação adiantada para facilitar a recuperação da bola e aumentar o volume de oportunidades.
O novo ritmo levou à ampliação do placar por Neymar e à certeza de que o Santos, agora, só perde o título se quiser. O que Muricy Ramalho dificilmente permitirá que aconteça. É o peso da lógica.
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