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quinta-feira, 5 de setembro de 2019

ANTIBIÓTICOS SOB AMEAÇA: Microrganismos resistentes a medicamentos preocupam especialistas. Mortes por esse tipo de infecção devem ultrapassar as causadas por câncer até 2050

O paciente tem uma infecção. Uma infecção grave. A medicação não faz efeito. Outro remédio. Nada. Um terceiro. Sem resultado. O paciente contraiu uma bactéria, vírus ou parasita resistente. 
A situação acima, infelizmente, já é frequente e pode se tornar cada vez mais comum. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que no ano 2050, caso não sejam tomadas ações efetivas para controlar os avanços da resistência aos antimicrobianos, 10 milhões de pessoas irão morrer por ano por conta de infecções por microrganismos resistentes, uma a cada 3 segundos. Esse número superaria mortalidade relacionada ao câncer, atualmente com 8 milhões de óbitos por ano.
Hoje em dia, o número de pessoas que morrem em decorrência de infecções por cepas resistentes de bactérias causadoras de infecções comuns, ou que adquirem uma versão do vírus HIV, do bacilo da tuberculose ou do protozoário da malária que não reagem a medicamentos somam 700 mil por ano no mundo, conforme os dados compilados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em relatório com as diretrizes nacionais para o combate ao problema. 

Anualmente, somente de tuberculose resistente a múltiplos medicamentos morrem cerca de 200 mil pessoas todos os anos, e “possivelmente esses números são subestimados devido à fraca vigilância em muitos lugares do mundo”, aponta o texto. 

“É assustador e alarmante” resumiu a microbiologista Ana Paula Carvalho Assef, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em evento promovido sobre o tema em junho, no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).

*Elisa Batalha - Revista RADIS nº203

quinta-feira, 2 de junho de 2016

NISE DA SILVEIRA: CAMINHOS DE UMA PSIQUIATRA REBELDE

RADIS 165

Poucas vezes um filme nos ajuda a resgatar algum personagem tão necessário à conjuntura. Nos tempos sombrios em que vivemos, “Nise - O coração da loucura” (do diretor Roberto Berliner, lançado nacionalmente em abril) destaca a figura de uma das primeiras médicas brasileiras, Nise da Silveira.

O filme recorta uma parte relevante de sua biografia, mas não a esgota. Nise foi pioneira ao se formar médica na Universidade Federal da Bahia, na qual ingressou como única mulher entre 157 homens, com apenas 16 anos de idade. Se formou em 1926, com uma tese sobre a criminalidade da mulher no Brasil. Em 1932, como médica residente, foi morar no Hospício Nacional de Alienados, na Praia Vermelha. Em 1936, foi presa sob acusação de ter leituras comunistas em seu quarto do hospital. Ficou presa pouco mais de um ano e, na prisão, fez amizade com Graciliano Ramos.

Ficou afastada e viveu quase em clandestinidade até 1944, quando foi readmitida no Engenho do Dentro. Foi lá que ela foi apresentada aos “novos” métodos de tratamento: lobotomia, coma insulínico e electroconvulsoterapia. Nise se negou a praticá-los e iniciou em um pequeno quarto a terapia ocupacional. Nise da Silveira foi pioneira no tratamento de pacientes asilados com graves transtornos mentais por meio da arte em suas variadas formas. Fez isso no Rio de Janeiro, no início do século 20, antes dos movimentos antimanicomiais internacionais — por exemplo, de Laing e Basaglia. 

Nise buscou seus primeiros pacientes entre aqueles considerados intratáveis pelo sistema asilar e os pôs no centro de suas preocupações. Tinha uma atenção e um respeito imenso por cada uma daquelas vidas. Utilizou seus contatos pessoais com o mundo da crítica artística para tirar do silenciamento esses novos pintores e escultores. Levou suas pinturas ao outro lado do Atlântico, conseguiu interessar o próprio Jung em suas pesquisas sobre as relações entre arte e inconsciente. Os auxiliares eram pessoas com instrução fundamental e Nise se encarregou de sua formação.

Em 1952, criou o Museu de Imagens do Inconsciente, para transformar em um centro de estudo e pesquisa o trabalho de artes que já a motivavam intensamente. A colaboração com artistas foi fundamental para todo o desenvolvimento posterior1. Atuava em várias frentes: no Museu de Imagens do Inconsciente; na Casa das Palmeiras (espécie de prenúncio dos Centros de Atenção Psicossocial) e no grupo de estudos de Jung que fundou. 

Faltou à Nise interpretada no filme por Gloria Pires a fragilidade comovente da Nise verdadeira, que vemos só no trecho de documentário final e que ressalta ainda mais sua força, sua fibra e seu brilhante humor. Os que a conheceram dizem que era uma pessoa que causava vivo impacto. Sabia ser acolhedora e hospitaleira, vivia rodeada de gatos. E acreditava que estes adivinhavam a personalidade das pessoas — detestava pessoas avessas aos animais. Viveu muito modestamente e sempre se definiu como uma servidora pública. 


sexta-feira, 11 de março de 2016

MINISTÉRIO DA SAÚDE ALTERA IMUNIZAÇÃO

Já estão em vigor as mudanças no Calendário Nacional de Vacinação. As alterações foram nas vacinas contra a meningite, pneumonia, paralisia infantil e HPV.

*Revista Radis

sexta-feira, 28 de junho de 2013

A POPULAÇÃO EM SEGUNDO PLANO: Processo de expulsão dos moradores de seus territórios em favor de intervenções urbanas desfaz redes de relações e requer comunidades fortes e organizadas para resgatar seus direitos

Dona Maria Grinauria da Silva tem 87 anos e há mais de 40 mora na comunidade do Coque, a 2,5 quilômetros do centro do Recife (PE) e a 3,5 quilômetros do bairro turístico de Boa Viagem, um dos de maior renda da capital pernambucana. Em abril, a casa de dona Maria foi derrubada para dar passagem a uma rua que vai cortar a comunidade. Os R$ 4 mil recebidos de indenização “deram para nada”, como contou à reportagem da Radis, no dia em que fazia aniversário. Não havia bolo ou festa. O destino seguinte de dona Maria foi a palafita, na beira do mangue. “Quando chove, entra água em tudo que é lugar. O que eu quero mesmo é ir para um conjunto habitacional”, espera. E completa: “Minha filha, veja se isso é vida”.

O processo de expulsão de pessoas como dona Maria de seus territórios, sem que lhes seja assegurado  interferir na definição do próprio destino, resulta de um modelo no qual o interesse econômico vem se sobrepondo ao do bem comum para pautar a vida nas cidades. Os exemplos são muitos e em vários pontos do país. Radis recolheu alguns, em Recife, Salvador e Rio de Janeiro, onde encontrou pessoas e comunidades impactadas pela especulação imobiliária, a industrialização desordenada e a realização de grandes eventos, entre outras iniciativas levadas à frente à custa da saúde e, muitas vezes, da vida de quem estiver no caminho. “Problemas ambientais são maiores em regiões com maior desigualdade social e se expressam de forma mais aguda quando há déficit de democracia dessa sociedade e do nível de organização das populações mais vulneráveis”, analisa o pesquisador Marcelo Firpo Porto (leia a entrevista), do Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) da Ensp/Fiocruz. “As vozes dessas populações são tidas como de pouco conhecimento técnico para dizer que os problemas ambientais ou de saúde são relevantes”, aponta.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

REVISTA RADIS - JANEIRO 2013

Sobre as doenças tropicais negligenciadas

Características

. Relacionam-se a probreza e a situações de desvantagem social;
. Afetam populações com baixa visibilidade e pouca voz política;
. Estigmatizam e discriminam (especialmente em mulheres e meninas afetadas);
. São comparativamente negligenciadas na área de pesquisa e desenvolvimento (P&D);
. Não se difundem amplamente por grandes extensões territoriais de forma rápida;
. Podem ser controladas, evitadas e possivelmente eliminadas pelo emprego de soluções eficazes e factíveis.

PRIORIDADES NO BRASIL
. Dengue
. Doença de Chagas
. Esquistossomose
. Hanseníase
. Leishmaniose
. Malária
. Tuberculose

Fonte: Revista Radis Nº 124 - Janeiro 2013
Fonte: Primeiro relatório da OMS sobre doenças tropicais negligenciadas
Fonte: Programa de Pesquisa e Desenvolvimento em Doenças negligenciadas no Brasil (MIN.SAÚDE)



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