O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís
Roberto Barroso decidiu ontem (1º) que o Ministério Público do Rio de Janeiro e
a polícia podem prosseguir com as investigações sobre a suposta participação da
deputada federal Flordelis (PSD-RJ) no assassinado de seu marido, o pastor
evangélico Anderson do Carmo, ocorrido em junho deste ano.
Após iniciar a investigações, o MP enviou o caso
para o Supremo por constatar o possível envolvimento da deputada no crime. Como
deputados têm foro privilegiado na Corte, os promotores pediram uma
manifestação sobre a continuidade das investigações na primeira instância da
Justiça.
Ao decidir o caso, o ministro Barroso entendeu que
o suposto crime de homicídio não tem relação com o mandato parlamentar. Dessa
forma, a investigação deve continuar na primeira instância. "O foro
privilegiado constitui instrumento para garantir o livre exercício de certas
funções públicas, não havendo sentido em estendê-lo a crimes que, cometidos
após a investidura, sejam estranhos ao exercício das respectivas funções",
disse o ministro.
No ano passado, a Corte decidiu restringir o foro e
determinou que parlamentares só podem responder a processos no STF se as
acusações estiverem relacionadas com o mandato.
Nota
da deputada
Em nota, a assessoria da deputada afirma que, em
razão da decisão do STF, é preciso esclarecer que, em nenhum momento, Flordelis
solicitou ou reivindicou a prerrogativa de não ser investigada pela polícia e
pela Justiça. "O STF foi provocado pelo Ministério Público, porque a lei
assim exige", destaca o texto.
"A decisão não surpreendeu a deputada
Flordelis, porque ela tem conhecimento [de] que a prerrogativa só seria
aplicada se o crime investigado tivesse ocorrido em razão do mandato dela”,
acrescenta o comunicado. O texto lembra que, antes da decisão, a deputada
colocou-se à disposição da polícia em todos os momentos em que foi solicitada e
que tem todo interesse na solução do caso. "Ela precisa saber quem foram
os autores do crime e as razões que tiveram. Só depois disso ela terá paz”,
conclui a nota.
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