sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

"Não me sinto à vontade para combater o movimento", diz procurador do Estado

A reportagem é do G1-RN

"Não me sinto à vontade para combater referido movimento, antes, com ele me solidarizo, porque na mesma situação me encontro de total inconformismo com os atrasos salariais", afirmou o procurador do estado do Rio Grande do Norte Luis Marcelo Cavalcanti de Sousa sobre a paralisação dos policiais civis do estado.

A declaração está em um despacho ao Procurador Geral do Estado, ao qual o G1 teve acesso. A Delegacia Geral de Polícia Civil quer pedir à Justiça a irregularidade da mobilização. O caso foi designado em caráter de urgência ao procurador Luis Marcelo, mas ele o recusou e pediu redistribuição do processo, através de sorteio, entre seus colegas.

O procurador ainda avisou que "caso seja eu o sorteado para atuar no feito só o farei depois que estiver com meus salários em dia, dispensando ao Governo o mesmo tratamento que dele tenho recebido".

Ao atender uma ligação do G1 nesta quinta-feira (27), o procurador confirmou a autenticidade do documento. Ele ainda afirmou que geralmente os casos são distribuídos por meio de sorteio, mas em casos urgentes ou mais importantes, o procurador geral pode distribuir para algum procurador que tenha mais afinidade com o tema, por exemplo.

Em despacho, procurador do RN se nega a fazer ação contra paralisação de policiais civis — Foto: Reprodução 

"Eu acredito que foi distribuído para mim porque eu fiz quase todas as ações de greve no atual governo, principalmente na área de segurança, e nós tivemos sucesso em todas. Mas a situação chegou a um nível alarmante e eu resolvi adotar uma postura mais radical, porque todas as categorias estão prejudicadas, inclusive os procuradores", afirmou.

Luis Marcelo ainda afirmou que os procuradores do estado também estamos sofrendo atrasos salariais e ainda não recebeu o salário de novembro, o 13º salário de 2017 e de 2018 e segue sem expetativa quanto ao salário de dezembro. "Eu me solidarizo porque estou vivendo o mesmo drama. Então não me sinto a vontade de combater essa greve", reforçou

O procurador ainda reforçou que, no entendimento do Supremo Tribunal Federal, a única hipótese que impede o corte de salário de servidores grevistas é justamente o atraso de salários.

Paralisação

Os policiais civis paralisaram os serviços na manhã desta quarta-feira (26) em todo o estado, cobrando pagamento do 13º salário de 2017 e um calendário de pagamento de outros salários atrasados. De acordo com o Sindicato dos Policiais Civis, a mobilização atingiu pelo menos 95% das delegacias potiguares.

O governo realizou uma reunião com o sindicato na manhã desta quinta-feira (27) e ofereceu, como proposta, pagar o 13º salário de 2017 à categoria, nesta sexta-feira (28), mas apenas aos ativos. O acordo foi rejeitado pela categoria em assembleia no final da manhã.

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