Talvez
um dia ainda se descubra a relação inquietante entre
a
pedra e a loucura ou, melhor dizendo, o papel das pedras no caminho da loucura.
El
Bosco e Pieter Bruegel imortalizaram médicos e embusteiros operando cabeças para
extrair a suposta e estúpida pedra.
Na
infância distante não era incomum ouvir-se: fulano, que andava abalado, de
pesadelos povoado, agora está atirando pedra,
Ou,
está louco de atirar pedra,
Ou
ainda, (quando o quadro era gravíssimo) está atirando pedra na lua!
No
caso, quem sabe, a paisagem inóspita e pedregosa facilitasse
o
encontro delirante da criatura com o astro dos enamorados.
O
que dizer então da divina Virgínia Woolf, na distante Lewes,
condado
de Sussex, sudeste da Inglaterra:
Não
atirou pedras a ninguém,
mas
encheu-se delas,
lotou
os largos bolsos do vestido solto
e
caminhou extraviada das margens à superfície das águas,
e
daí ao fundo do rio...
para
enfim se acalmar.
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