* Agência Brasil
Mais da metade dos contratos do Fundo de Financiamento Estudantil
(Fies) em fase de amortização em junho está com pagamento atrasado.
Segundo o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de um
total de 727.522 contratos, 416.137 (57,1%) estão irregulares. As
dívidas já totalizam cerca de R$ 20 bilhões.
Na avaliação do diretor de gestão do Fies, Pedro Pedrosa, o déficit
pode triplicar nos próximos anos, caso o nível de inadimplência não seja
controlado. Um dos argumentos do governo federal para justificar a
reestruturação do programa foi, justamente, a quantidade de estudantes
que não conseguiam manter suas parcelas em dia. De acordo com o
Ministério da Educação (MEC), já no ano passado eram constatados
aumentos consecutivos no percentual de inadimplência.
No início de 2018 o Fies foi reformulado e passou a contar com três
linhas de financiamento. Na primeira, para estudante com renda familiar
mensal até três salários mínimos, o aluno paga as prestações sem juros.
Já as outras modalidades de financiamento, reunidas sob a classificação
P-Fies, são destinadas a estudantes com renda per capita mensal
familiar de até cinco salários mínimos. Nesses casos, uma taxa de juros
incide sobre a prestação, com um valor determinado pela instituição
bancária na qual foi fechado o contrato. Em todas as modalidades do
programa, o universitário começa a quitar seu débito somente após sua
formatura em seu curso.
Inicialmente, o governo decidiu destinar 100 mil das 310 mil vagas à
modalidade de prestações com juros zero. Para as modalidades P-Fies,
foram abertas 150 mil vagas para estudantes das regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste e 60 mil vagas distribuídas em todo o Brasil.
Desemprego
Pedrosa diz que foi por estar ciente do possível impacto da crise
econômica que o governo federal buscou incorporar ao Novo Fies a prévia
do valor das prestações a serem pagas. Com isso, haveria, em tese, uma
tendência de o aluno reservar a quantia necessária para quitá-las dentro
do prazo de vencimento. "Antes, ele não sabia o total da dívida, ia
descobrindo quando ia fazendo os aditamentos. O que trouxemos para o
novo modelo foi uma maior transparência. [Atualmente] Quando for fazer o
cálculo, vai saber qual a taxa percentual de correção que a mantenedora
pode cobrar."
O diretor informou, ainda, que o governo deve definir, até o mês que
vem, medidas capazes de reduzir o alto índice de inadimplência entre os
beneficiários do programa.
Dados do Censo da Educação
Superior, apresentado pelo Ministério da Educação na semana passada,
demonstram que, desde 2015, tanto o Fies como o ProUni têm sido trocados
por outras formas de financiamentos e bolsas estudantis, como aqueles
oferecidos pelas próprias instituições de ensino e governos municipais e
estaduais.
Conforme o levantamento, em 2015, o Fies foi a porta de acesso para
quase metade (49,5%) dos alunos matriculados na rede privada mediante
bolsa ou financiamento. Em 2017, a porção caiu para 37,1%, ficando em
uma faixa intermediária na preferência de universitários com esse
perfil, entre ProUni (21,1%) e demais formas de aportes (41,8%).
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