Sei que é inevitável e
bom que os filhos deixem de ser crianças e abandonem a proteção do ninho. Eu
mesmo sempre os empurrei para fora. Sei que é inevitável que eles voem em todas
as direções como andorinhas adoidadas.
Sei que é inevitável que eles construam seus próprios ninhos e
eu fique como o ninho abandonado no alto da palmeira…
Mas, o que eu queria,
mesmo, era poder fazê-los de novo dormir no meu colo…
Existem muitos jeitos de voar. Até mesmo o vôo dos filhos ocorre
por etapas. O desmame, os primeiros passos, o primeiro dia na escola, a
primeira dormida fora de casa, a primeira viagem…
Desde o nascimento de
nossos filhos temos a oportunidade de aprender sobre esse estranho movimento de
ir e vir, segurar e soltar, acolher e libertar. Nem sempre percebemos que esses
momentos tão singelos são pequenos ensinamentos sobre o exercício da liberdade.
Mas chega um momento em que a realidade bate à porta e escancara
novas verdades difíceis de encarar. É o grito da independência, a força da vida
em movimento, o poder do tempo que tudo transforma.
É quando nos damos conta de que nossos filhos cresceram e apesar
de insistirmos em ocupar o lugar de destaque, eles sentem urgência de
conquistar o mundo longe de nós.
É chegado então o tempo de recolher nossas asas. Aprender a
abraçar à distância, comemorar vitórias das quais não participamos diretamente,
apoiar decisões que caminham para longe. Isso é amor.
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