TORONTO,
Canadá (Thomson Reuters Foundation) - Novos dados de satélite mostram que a
seca no Brasil é pior do que se pensava, com o Sudeste perdendo 56 trilhões de
litros de água em cada um dos últimos três anos, disse um cientista da agência
espacial dos Estados Unidos (Nasa) nesta sexta-feira (30).
A pior seca do país nos últimos 35 anos
também tem levado o Nordeste brasileiro, região maior, mas menos povoada, a
perder 49 trilhões de litros de água a cada ano nos últimos três anos,
comparando com os níveis normais, afirmou o hidrólogo da Nasa, Augusto
Getirana.
Os brasileiros estão
bastante conscientes da seca, dado o racionamento de água, blecautes e
reservatórios vazios em partes do país, mas esse é o primeiro estudo que
documenta exatamente a quantidade de água que tem desaparecido dos lençóis de
água e reservatórios, disse Getirana.
"É muito maior
do que eu imaginava", disse Getirana à Thomson Reuters Foundation.
"Com as mudanças climáticas, isso vai acontecer com mais e mais
frequência."
O sistema da Cantareira,
que fornece água para 8,8 milhões de moradores de São Paulo, tinha, por
exemplo, menos de 11 por cento da sua capacidade no ano passado, segundo
autoridades locais.
A
pesquisa de Getirana, publicada nesta semana no Journal of Hydrometeorology,
tem como base 13 anos de informações dos satélites Recuperação da Gravidade e
Experimento Climático (Grace, na sigla em inglês) da Nasa, que circulam a Terra
detectando mudanças no campo de gravidade causadas pelos movimentos da água no
planeta.
O país não tem uma
falta de água absoluta, afirmou o pesquisador. O problema é que as regiões
muito povoadas, particularmente o Sudeste, dependem de aquíferos e
reservatórios locais, que não estão sendo reabastecidos devido à seca.
Teoricamente, a água
pode ser transportada de outras partes do país para cidades afetadas, disse
ele, mas os custos financeiros e logísticos seriam enormes.
As novas informações
de satélite devem representar um chamado de alerta para os políticos
gerenciarem melhor a água e atuarem em relação às mudanças climáticas para
lidar com a crise, declarou Getirana.
Os dados não permitem
que os pesquisadores façam previsões de quanto tempo a seca vai durar, disse
ele, acrescentando que os níveis de água continuaram a cair nos últimos meses.
(Reportagem de Chris
Arsenault)
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