terça-feira, 31 de dezembro de 2019

DIABETES - O QUE VOCÊ PRECISA SABER

O QUE É DIABETES?
Diabetes Mellitus, simplesmente chamada diabetes, é uma doença causada por quantidades insuficientes de insulina no organismo ou pela incapacidade do organismo em utilizar quantidades normais de insulina. Este desequilíbrio na utilização da insulina causa aumento de açúcar no sangue e, eventualmente, várias alterações podem ocorrer em diversas partes do organismo.

Existem tipos diferentes de diabetes?
Sim, há vários tipos de diabetes, os mais comuns são: tipo 1 e tipo 2.

diabetes tipo 1 ocorre principalmente em pessoas jovens e era também conhecido como diabetes "juvenil". Este tipo de diabetes é causado pela incapacidade do pâncreas em produzir quantidades suficientes de insulina. Na diabetes tipo 1, o paciente depende de injeções diárias de insulina.

diabetes tipo 2 desenvolve-se em pessoas habitualmente com mais de 40 anos e era também conhecida como diabetes "adulto". Neste caso, quantidades quase normais de insulina são produzidas pelo pâncreas, mas o organismo é incapaz de ter uma resposta de utilização normal. O aumento do açúcar no sangue pode ser habitualmente controlado com uma dieta apropriada e/ou através de medicações por via oral.

Como a diabetes ataca os rins?
Como consequência da diabetes, os pequenos vasos sanguíneos do organismo são lesados e o rim assim como os outros órgãos incluindo os olhos, pele, nervos, músculos, intestinos e o coração, também são afetados. O rim torna-se incapaz de filtrar o sangue adequadamente quando os seus vasos sanguíneos são lesados. 

Neste caso a eliminação de um excesso de sal e água do organismo torna-se mais difícil e substâncias tóxicas acumulam-se no sangue. A insuficiência dos rins que resulta da diabetes é chamada "nefropatia" diabética. Quando os nervos do organismo são lesados pela diabetes (denominado neuropatia), pode ocorrer uma dificuldade no esvaziamento da bexiga. A urina pode ficar retida na bexiga e a pressão elevada no interior da bexiga pode transmitir-se para cima atingindo os rins e levando a uma hipertensão renal. Além disso, se a urina permanece muito tempo na bexiga pode ocorrer uma infecção urinária, devido ao crescimento rápido de bactérias facilitado pela alta concentração de açúcar na urina.

Podem ocorrer outras complicações no diabético?
Pacientes com diabetes podem desenvolver pressão alta (hipertensão). Pode ocorrer um desenvolvimento mais rápido, no endurecimento das artérias (arterioclerose) e isto pode afetar o coração. Os olhos podem ser afetados, (chama-se retinopatia) e eventualmente pode ocorrer cegueira.

Que outras coisas podem afetar o paciente com diabetes?
Os pacientes diabéticos são muito suscetíveis aos efeitos adversos de certas medicações utilizadas para combater a dor. 

Quando estas medicações são ingeridas por um paciente diabético, uma complicação destas medicações pode ser a perda rápida da função do rim. 

Como exemplo, podemos citar os medicamentos analgésicos e antiinflamatórios que contenham Ibupofreno. Estes medicamentos podem ser perigosos para o paciente diabético. Todo o paciente diabético deve consultar seu médico antes de tomar qualquer medicação.

Quais as chances de um paciente diabético desenvolver doença renal?
Aproximadamente 50% do tipo 1 (juvenil) e 10% do tipo 2 (início adulto) desenvolverão eventualmente uma enfermidade progressiva dos rins, que causará uma insuficiência permanente dos rins.

Quais são os sinais iniciais de doença renal em diabéticos?
O sinal mais precoce de enfermidade renal diabética é o aparecimento de microalbuminúria (pequenas quantidades de albumina na urina, habitualmente não detectadas por exames simples de urina). A presença de microalbuminúria é preditora do desenvolvimento posterior de proteinúria (presença de proteínas na urina) e insuficiência renal.

Um sinal precoce de enfermidade renal diabética é a presença de proteína na urina e isto habitualmente ocorre após dez anos ou mais de diabetes tipo 1 e mais tarde ainda em pacientes diabéticos tipo 2.

À medida que a quantidade de proteína na urina aumenta, ocorre uma diminuição da quantidade de proteína no sangue. Em razão disso, a diminuição da proteína no sangue resulta numa retenção de líquido a qual causa edema das pernas e um aumento das micções à noite. Pressão arterial elevada pode ocorrer ou piorar à medida que a doença progride. Todo paciente diabético deve verificar regularmente, através de seu médico, a sua pressão arterial e fazer exames de sangue e urina. Esta conduta levará a um melhor controle da doença e ao tratamento mais precoce da pressão arterial elevada presente.

Quais são os sinais tardios de doença renal em diabéticos?
À medida que a função do rim diminui (indicada nos exames de sangue, por um aumento da uréia e creatinina), vários sintomas não-específicos podem aparecer. Estes sintomas podem ser: náuseas, vômitos, perda do apetite, fadiga fácil, prurido, câimbras musculares e anemia. A necessidade de insulina pode, na verdade, diminuir quando a insuficiência dos rins já é avançada. Se qualquer destes sintomas citados ocorrer, o paciente deve consultar seu médico.

Quais são os sinais precoces e tardios de doenças renais no diabético?
Sinais precoces e tardios de doenças renais no diabético:
1.  Proteína na urina (microalbuminúria);
2.  Pressão alta;
3.  Edema e cãimbras nas pernas;
4.  Micções noturnas;
5.  Exames de sangue anormais (elevação da uréia, creatinina);
6.  Diminuição da necessidade de insulina ou medicamentos para controlar o diabetes;
7.  Enjôo pela manhã, náuseas e vômitos;
8.  Fraqueza, palidez e anemia;
9.  Coceira.

O que pode ser feito para se prevenir a lesão do rim pelo diabético?
Não há dúvida que um controle adequado do diabetes (controle da glicemia), resulta numa redução das chances de se desenvolver uma doença renal mais grave. É extremamente importante controlar-se a pressão alta já que, a hipertensão agrava qualquer lesão renal causada por diabetes. 

Recomenda-se um período de sono adequado, seguir-se uma dieta adequada, evitar cigarros e álcool e fazer-se exercícios adequadamente. Estes são hábitos de vida saudáveis que beneficiarão o paciente diabético. 

O paciente deve ter seu médico. É também importante lembrar que muitos pacientes com diabetes não desenvolvem doença dos rins. Isto significa que ter diabetes não indica necessariamente que os rins irão tornar-se insuficientes. Há evidências recentes de que há um fator genético importante que predispõe ao aparecimento de doença renal no diabético.

Além do controle rígido da glicemia, sabe-se mais recentemente que uma dieta com menor quantidade de proteína reduz o ritmo de deterioração da função renal. Além do mais, modernas drogas anti-hipertensivas como os inibidores da enzima conversora (exemplo: Captopril), tem o mesmo efeito benéfico da dieta hipoproteica.

Se a diabetes afetou os rins o que pode ser feito?
Toda vez que o paciente diabético apresentar os sintomas e sinais de doença renal descritos acima, ou se desejar saber se já possui lesão renal, deverá procurar seu médico. Através de exames de urina e de sangue, o médico poderá dizer se os rins estão funcionando adequadamente e prescrever o melhor tratamento para seu paciente.

O que acontece se um paciente já possui a diminuição da função do rim?
O primeiro passo é verificar se realmente a diabetes é a causa do problema renal. Caso a hipótese seja comprovada, será necessário controlar adequadamente a pressão arterial, tratar as infecções urinárias, corrigir qualquer disfunção da bexiga ou obstrução do trato urinário e evitar medicamentos que possam lesar os rins. Esses cuidados vão ajudar os rins a trabalhar melhor e funcionar mais tempo.

Como se pode retardar a progressão da doença renal?
O especialista de doenças do rim (nefrologista), junto com o paciente e a família, planejará um tratamento individualizado. De maneira geral, o controle da pressão arterial, com medicação e uma dieta especial, parece prolongar o tempo de função do rim e retardar a progressão da insuficiência renal.

O que é insuficiência renal terminal da diabetes?
Isto se refere ao período no qual os rins são incapazes de manter um indivíduo em bom estado de saúde e diálise e/ou transplante são necessários. Este período geralmente ocorre quando a função remanescente no rim é inferior a 10%. De uma maneira geral, o tempo médio entre o início da lesão renal pelo diabético e o aparecimento de insuficiência renal terminal varia entre 5 a 7 anos.

Como se trata a insuficiência renal terminal em pacientes diabéticos?
Há três tipos de tratamento que podem ser utilizados quando os rins falham: transplante renal, hemodiálise e diálise peritoneal. O tipo de tratamento escolhido será determinado pelo estado de saúde do paciente, condição médica e o impacto que o método causaria no estilo de vida e preferência pessoal do paciente. Os resultados a longo prazo de cada tipo de tratamento também são levados em consideração no planejamento. 

As decisões com relação ao tipo de tratamento são individualizadas, não são exclusivas. Vários pacientes já foram submetidos a cada uma destas três formas de tratamento em épocas diferentes de suas vidas. O que pode ser o melhor tratamento para um paciente numa época, pode não ser o melhor para outro ou para o mesmo paciente numa outra época.

Pode um paciente com diabetes receber um transplante renal?
Sim, o rim transplantado pode vir de um parente (transplante renal com um doador vivo parente), ou de uma pessoa que faleceu (transplante de cadáver). Após o transplante a quantidade de insulina necessária para o controle da glicemia habitualmente aumenta, devido a um melhor apetite, maior ingestão de alimentos, maior degradação da insulina pelo rim além do uso dos medicamentos, particularmente a cortisona, utilizada na prevenção da rejeição do novo rim.

Qual é o papel da dieta baixa em proteínas no tratamento da lesão renal?
Pesquisas recentes indicam que uma dieta alta em proteína pode causar danos aos rins. Tem-se sugerido que a diminuição da proteína na dieta pode reduzir a progressão da insuficiência renal causada por várias enfermidades, incluindo a diabetes. Recomenda-se que o paciente discuta estes aspectos com seu médico e qualquer modificação na dieta, pode ser feito com o auxílio da nutricionista. Os pacientes não devem iniciar uma dieta baixa em proteínas sem supervisão, porque isto poderá resultar em desnutrição.

Qual é o futuro de pacientes com diabetes?
Há realmente um grande esforço na investigação dos mecanismos do diabético. Espera-se que a terapêutica baseie-se mais na prevenção do que no tratamento suportivo no futuro. Entretanto, o cuidado clínico do diabético melhorou muito com o advento da monitorização da glicemia através de aparelhos tipo glicosímetro, melhor reconhecimento do papel da pressão alta na progressão da nefropatia diabética e novas informações sobre o efeito da dieta na preservação da função renal. 

Quando a diabetes causar uma insuficiência renal grave, o diabético pode ter sucessos com diálise ou transplante renal, e o sucesso é igual a de um paciente com insuficiência renal não-diabético . 

Finalmente os transplantes de pâncreas que então curam a diabetes estão aumentando em número e sucesso. Recentemente, um grupo de pesquisadores de Edmonton (Canadá) relatou 100% de sucesso em 7 pacientes com o transplante de ilhotas de pâncreas (as células que produzem insulina). Portanto, o futuro é realmente promissor com relação às novas descobertas dos mecanismos e manejo do diabetes.
Dr. M.C. Riella
Médico Nefrologista - CRM 2370 PR

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