O QUE É DIABETES?
Diabetes Mellitus, simplesmente chamada
diabetes, é uma doença causada por quantidades insuficientes de insulina no
organismo ou pela incapacidade do organismo em utilizar quantidades normais de
insulina. Este desequilíbrio na utilização da insulina causa aumento de açúcar
no sangue e, eventualmente, várias alterações podem ocorrer em diversas partes
do organismo.
Existem tipos diferentes de diabetes?
Sim, há vários tipos de diabetes, os
mais comuns são: tipo 1 e tipo 2.
diabetes tipo 1 ocorre principalmente
em pessoas jovens e era também conhecido como diabetes "juvenil".
Este tipo de diabetes é causado pela incapacidade do pâncreas em produzir
quantidades suficientes de insulina. Na diabetes tipo 1, o paciente depende de
injeções diárias de insulina.
diabetes tipo 2 desenvolve-se em
pessoas habitualmente com mais de 40 anos e era também conhecida como diabetes
"adulto". Neste caso, quantidades quase normais de insulina são
produzidas pelo pâncreas, mas o organismo é incapaz de ter uma resposta de
utilização normal. O aumento do açúcar no sangue pode ser habitualmente
controlado com uma dieta apropriada e/ou através de medicações por via oral.
Como a diabetes ataca os rins?
Como consequência da diabetes, os
pequenos vasos sanguíneos do organismo são lesados e o rim assim como os outros
órgãos incluindo os olhos, pele, nervos, músculos, intestinos e o coração,
também são afetados. O rim torna-se incapaz de filtrar o sangue adequadamente
quando os seus vasos sanguíneos são lesados.
Neste caso a eliminação de um
excesso de sal e água do organismo torna-se mais difícil e substâncias tóxicas
acumulam-se no sangue. A insuficiência dos rins que resulta da diabetes é
chamada "nefropatia" diabética. Quando os nervos do organismo são
lesados pela diabetes (denominado neuropatia), pode ocorrer uma dificuldade no
esvaziamento da bexiga. A urina pode ficar retida na bexiga e a pressão elevada
no interior da bexiga pode transmitir-se para cima atingindo os rins e levando
a uma hipertensão renal. Além disso, se a urina permanece muito tempo na bexiga
pode ocorrer uma infecção urinária, devido ao crescimento rápido de bactérias
facilitado pela alta concentração de açúcar na urina.
Podem ocorrer outras complicações no
diabético?
Pacientes com diabetes podem desenvolver
pressão alta (hipertensão). Pode ocorrer um desenvolvimento mais rápido, no
endurecimento das artérias (arterioclerose) e isto pode afetar o coração. Os
olhos podem ser afetados, (chama-se retinopatia) e eventualmente pode ocorrer
cegueira.
Que outras coisas podem afetar o
paciente com diabetes?
Os pacientes diabéticos são muito
suscetíveis aos efeitos adversos de certas medicações utilizadas para combater
a dor.
Quando estas medicações são ingeridas por um paciente diabético, uma
complicação destas medicações pode ser a perda rápida da função do rim.
Como
exemplo, podemos citar os medicamentos analgésicos e antiinflamatórios que
contenham Ibupofreno. Estes medicamentos podem ser perigosos para o paciente
diabético. Todo o paciente diabético deve consultar seu médico antes de tomar
qualquer medicação.
Quais as chances de um paciente
diabético desenvolver doença renal?
Aproximadamente 50% do tipo 1 (juvenil)
e 10% do tipo 2 (início adulto) desenvolverão eventualmente uma enfermidade
progressiva dos rins, que causará uma insuficiência permanente dos rins.
Quais são os sinais iniciais de doença
renal em diabéticos?
O sinal mais precoce de enfermidade
renal diabética é o aparecimento de microalbuminúria (pequenas quantidades de
albumina na urina, habitualmente não detectadas por exames simples de urina). A
presença de microalbuminúria é preditora do desenvolvimento posterior de
proteinúria (presença de proteínas na urina) e insuficiência renal.
Um sinal precoce de enfermidade renal
diabética é a presença de proteína na urina e isto habitualmente ocorre após
dez anos ou mais de diabetes tipo 1 e mais tarde ainda em pacientes diabéticos
tipo 2.
À medida que a quantidade de proteína na urina aumenta, ocorre uma
diminuição da quantidade de proteína no sangue. Em razão disso, a diminuição da
proteína no sangue resulta numa retenção de líquido a qual causa edema das
pernas e um aumento das micções à noite. Pressão arterial elevada pode ocorrer
ou piorar à medida que a doença progride. Todo paciente diabético deve verificar
regularmente, através de seu médico, a sua pressão arterial e fazer exames de
sangue e urina. Esta conduta levará a um melhor controle da doença e ao
tratamento mais precoce da pressão arterial elevada presente.
Quais são os sinais tardios de doença
renal em diabéticos?
À medida que a função do rim diminui
(indicada nos exames de sangue, por um aumento da uréia e creatinina), vários
sintomas não-específicos podem aparecer. Estes sintomas podem ser: náuseas,
vômitos, perda do apetite, fadiga fácil, prurido, câimbras musculares e anemia.
A necessidade de insulina pode, na verdade, diminuir quando a insuficiência dos
rins já é avançada. Se qualquer destes sintomas citados ocorrer, o paciente
deve consultar seu médico.
Quais são os sinais precoces e tardios
de doenças renais no diabético?
Sinais precoces e tardios de doenças
renais no diabético:
1. Proteína na urina (microalbuminúria);
2. Pressão alta;
3. Edema e cãimbras nas pernas;
4. Micções noturnas;
5. Exames de sangue anormais (elevação da uréia, creatinina);
6. Diminuição da necessidade de insulina ou medicamentos para controlar o
diabetes;
7. Enjôo pela manhã, náuseas e vômitos;
8. Fraqueza, palidez e anemia;
9. Coceira.
O que pode ser feito para se prevenir a
lesão do rim pelo diabético?
Não há dúvida que um controle adequado
do diabetes (controle da glicemia), resulta numa redução das chances de se
desenvolver uma doença renal mais grave. É extremamente importante controlar-se
a pressão alta já que, a hipertensão agrava qualquer lesão renal causada por
diabetes.
Recomenda-se um período de sono adequado, seguir-se uma dieta
adequada, evitar cigarros e álcool e fazer-se exercícios adequadamente. Estes
são hábitos de vida saudáveis que beneficiarão o paciente diabético.
O paciente
deve ter seu médico. É também importante lembrar que muitos pacientes com
diabetes não desenvolvem doença dos rins. Isto significa que ter diabetes não
indica necessariamente que os rins irão tornar-se insuficientes. Há evidências
recentes de que há um fator genético importante que predispõe ao aparecimento
de doença renal no diabético.
Além do controle rígido da glicemia,
sabe-se mais recentemente que uma dieta com menor quantidade de proteína reduz
o ritmo de deterioração da função renal. Além do mais, modernas drogas
anti-hipertensivas como os inibidores da enzima conversora (exemplo:
Captopril), tem o mesmo efeito benéfico da dieta hipoproteica.
Se a diabetes afetou os rins o que pode
ser feito?
Toda vez que o paciente diabético
apresentar os sintomas e sinais de doença renal descritos acima, ou se desejar
saber se já possui lesão renal, deverá procurar seu médico. Através de exames
de urina e de sangue, o médico poderá dizer se os rins estão funcionando
adequadamente e prescrever o melhor tratamento para seu paciente.
O que acontece se um paciente já possui
a diminuição da função do rim?
O primeiro passo é verificar se
realmente a diabetes é a causa do problema renal. Caso a hipótese seja
comprovada, será necessário controlar adequadamente a pressão arterial, tratar
as infecções urinárias, corrigir qualquer disfunção da bexiga ou obstrução do
trato urinário e evitar medicamentos que possam lesar os rins. Esses cuidados
vão ajudar os rins a trabalhar melhor e funcionar mais tempo.
Como se pode retardar a progressão da
doença renal?
O especialista de doenças do rim
(nefrologista), junto com o paciente e a família, planejará um tratamento
individualizado. De maneira geral, o controle da pressão arterial, com
medicação e uma dieta especial, parece prolongar o tempo de função do rim e
retardar a progressão da insuficiência renal.
O que é insuficiência renal terminal da
diabetes?
Isto se refere ao período no qual os
rins são incapazes de manter um indivíduo em bom estado de saúde e diálise e/ou
transplante são necessários. Este período geralmente ocorre quando a função
remanescente no rim é inferior a 10%. De uma maneira geral, o tempo médio entre
o início da lesão renal pelo diabético e o aparecimento de insuficiência renal
terminal varia entre 5 a 7 anos.
Como se trata a insuficiência renal
terminal em pacientes diabéticos?
Há três tipos de tratamento que podem
ser utilizados quando os rins falham: transplante renal, hemodiálise e diálise
peritoneal. O tipo de tratamento escolhido será determinado pelo estado de
saúde do paciente, condição médica e o impacto que o método causaria no estilo
de vida e preferência pessoal do paciente. Os resultados a longo prazo de cada
tipo de tratamento também são levados em consideração no planejamento.
As
decisões com relação ao tipo de tratamento são individualizadas, não são
exclusivas. Vários pacientes já foram submetidos a cada uma destas três formas
de tratamento em épocas diferentes de suas vidas. O que pode ser o melhor
tratamento para um paciente numa época, pode não ser o melhor para outro ou
para o mesmo paciente numa outra época.
Pode um paciente com diabetes receber
um transplante renal?
Sim, o rim transplantado pode vir de um
parente (transplante renal com um doador vivo parente), ou de uma pessoa que
faleceu (transplante de cadáver). Após o transplante a quantidade de insulina
necessária para o controle da glicemia habitualmente aumenta, devido a um
melhor apetite, maior ingestão de alimentos, maior degradação da insulina pelo
rim além do uso dos medicamentos, particularmente a cortisona, utilizada na
prevenção da rejeição do novo rim.
Qual é o papel da dieta baixa em
proteínas no tratamento da lesão renal?
Pesquisas recentes indicam que uma
dieta alta em proteína pode causar danos aos rins. Tem-se sugerido que a
diminuição da proteína na dieta pode reduzir a progressão da insuficiência
renal causada por várias enfermidades, incluindo a diabetes. Recomenda-se que o
paciente discuta estes aspectos com seu médico e qualquer modificação na dieta,
pode ser feito com o auxílio da nutricionista. Os pacientes não devem iniciar
uma dieta baixa em proteínas sem supervisão, porque isto poderá resultar em
desnutrição.
Qual é o futuro de pacientes com
diabetes?
Há realmente um grande esforço na
investigação dos mecanismos do diabético. Espera-se que a terapêutica baseie-se
mais na prevenção do que no tratamento suportivo no futuro. Entretanto, o
cuidado clínico do diabético melhorou muito com o advento da monitorização da
glicemia através de aparelhos tipo glicosímetro, melhor reconhecimento do papel
da pressão alta na progressão da nefropatia diabética e novas informações sobre
o efeito da dieta na preservação da função renal.
Quando a diabetes causar uma
insuficiência renal grave, o diabético pode ter sucessos com diálise ou
transplante renal, e o sucesso é igual a de um paciente com insuficiência renal
não-diabético .
Finalmente os transplantes de pâncreas que então curam a
diabetes estão aumentando em número e sucesso. Recentemente, um grupo de
pesquisadores de Edmonton (Canadá) relatou 100% de sucesso em 7 pacientes com o
transplante de ilhotas de pâncreas (as células que produzem insulina).
Portanto, o futuro é realmente promissor com relação às novas descobertas dos
mecanismos e manejo do diabetes.
Dr. M.C.
Riella
Médico Nefrologista - CRM 2370 PR
Médico Nefrologista - CRM 2370 PR
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