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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

GILTON SAMPAIO: 'UERN tem uma estrutura arcaica, burocrática e centralizada'

Estamos há pouco menos de dois meses das eleições à Reitoria da UERN. O fato de ser diretor do Campus de Pau dos Ferros, distante da realidade do Campus Central, seria um problema?

Pelo contrário, o fato de ser Diretor de um Campus Avançado, o maior da UERN, e estar permanentemente enfrentando e buscando solucionar problemas que envolvem o dia a dia dos alunos, dos técnicos administrativos e dos docentes, nos permite conhecer mais de perto as questões acadêmicas que envolvem departamentos e salas de aula e ainda as questões administrativas com as quais precisamos lidar diariamente. É exatamente o fato de ser Diretor de uma unidade acadêmica da UERN o que me torna mais próximo, e em permanente diálogo, com todas as demais unidades acadêmicas da UERN, em todos os Campi e faculdades, com suas direções e segmentos acadêmicos, em reuniões frequentes, discutindo os problemas da universidade. Além da experiência como Diretor (já em segunda gestão) também temos experiência como Chefe de Departamento, Coordenador de Cursos de Especialização e como Coordenador do Mestrado Acadêmico em Letras. Conhecemos bem a estrutura administrativa de nossa instituição, pois da UERN fui aluno de graduação e de pós, sou professor e também gestor. Também não vejo a realidade do Campus de Pau dos Ferros, em termos financeiros e das dificuldades enfrentadas, diferente da realidade do Campus Central; os problemas que a UERN vivencia hoje se estendem a todas as Unidades, a todos os Campi Avançados e ao Campus Central, são problemas financeiros, da superburocratização das ações e da centralização das decisões administrativas e financeiras, de falta de recursos para desenvolvimento de pesquisa e extensão, de falta de condições dignas para apoio aos alunos (como Restaurante, Residências, Recursos para eventos do movimento estudantil, aulas práticas e de campo etc), e esses problemas atingem a todos. E esses problemas podem ser vistos no Campus Central, em Mossoró, com parte da infraestrutura sucateada e várias construções paralisadas. A diferença que existe entre o Campus de Pau dos Ferros e o Campus Central, por exemplo, é de gestão. Em Pau dos Ferros, o aluno entra no Campus, vê que é uma estrutura simples, antiga (iniciada na década de 1970), mas ele tem a certeza de que é um local bem cuidado, zelado; que a estrutura física e administrativa está a serviço da academia e do bem-estar do ser humano. Nesse caso, até penso que o Campus de Pau dos Ferros pode ser uma referência, um modelo de gestão que dá certo, para apresentar a toda UERN. Embora saibamos das dificuldades que enfrentamos lá, a gente observa que as pessoas que vem de outros campi da UERN sentem certa surpresa, encantam-se com o nosso Campus, a efervescência acadêmica que ali ocorre. Alunos, professores e técnicos administrativos, em conjunto, doam-se à UERN. Enfim, ressalto que, na campanha eleitoral, também vamos debater o perfil e propostas de uma universidade funcional, democrática, descentralizada, aberta ao diálogo entre os segmentos acadêmicos, e também à sociedade; uma UERN que tenha gestores que respeitem e cuidem do patrimônio material e imaterial da instituição.

O que o levou a entrar na disputa pela Reitoria?

Não é a primeira vez que colocamos nosso nome à disposição da comunidade acadêmica. Na última eleição para Reitor (2009), um grande grupo formado por professores, alunos e técnicos de todos os Campi lançou o nosso nome com uma proposta inovadora para a universidade democrática, descentralizada e que apresente identidade e compromisso efetivo para com o crescimento da UERN, que não pense a UERN como apêndice de outras instituições. Não obtivemos sucesso naquela época, mas voltamos a discutir o projeto recentemente, em coletivo, com um grupo de professores de toda a UERN, em vários momentos e locais. Depois de dezenas de encontros, envolvendo centenas de pessoas, em grandes e pequenas reuniões com grupos de docentes, discentes e técnicos administrativos, assim como em reuniões mais fechadas com os docentes que seriam possíveis candidatos, as pessoas envolvidas na discussão chegaram à conclusão de que o nosso nome reunia as características mais adequadas para dirigir a UERN, pelas propostas que defendíamos, por nossa história de aluno, professor e gestor dentro da UERN, pela experiência de lutas junto ao nosso sindicato, ADUERN, e em lutas das demais entidades representativas, como DCE e SINTAUERN. Na verdade, a nossa entrada na política acadêmica teve início muito cedo, quando eu ainda era aluno da graduação da UERN, no Campus de Pau dos Ferros. Sempre ressalto que meu nome surgiu do movimento estudantil, e, posteriormente, consolidou-se nas lutas da ADUERN, na gestão acadêmica e, sobretudo, na gestão universitária do maior Campus Avançado da UERN. A nossa história de gestão e de liderança universitária se fez também quando fomos chefe do Departamento de Letras, período em que implantamos dois novos cursos de especialização, a habilitação em Espanhol e também foi o momento em que coordenamos a Comissão do Mestrado Acadêmico em Letras da UERN, sendo deste o seu primeiro coordenador. Trabalhamos na implantação dos novos cursos de graduação naquele Campus; primeiro, com uma pesquisa sobre a necessidade e os impactos de novos cursos de graduação para Pau dos Ferros e região; depois, coordenando o Fórum Permanente de Discussão para Implantação de Novos Cursos de graduação no CAMEAM. Na atual disputa, o nosso nome surge como o candidato a Reitor de maior experiência em gestão e como parte dos segmentos da UERN. Sou o único, como disse, que foi aluno de graduação (Pau dos Ferros) e de pós (Mossoró) da UERN; o único que já foi gestor em todos os níveis acadêmicos, sempre eleitos pelos pares, na Chefia de Departamento, na Coordenação de Especializações, na Coordenação de Mestrado e na Direção de um Campus Avançado. Sou também o único, entre os três candidatos, em que toda nossa experiência de gestão foi em cargos eleitos democraticamente pelos pares. Nossa experiência de gestor não emana do desejo ou do poder da caneta de um gestor maior ou do poder de minha família na sociedade. Ela emana das bases da UERN. Já temos quase 25 anos dentro de nossa universidade. E o nosso nome surgiu nas bases, como desejo de alunos, professores e técnicos administrativos.

A UERN terá orçamento de R$ 217 milhões em 2013 e o seu maior desafio é o custeio. Como fazer para aliar política de desenvolvimento institucional (com novos cursos e necessidade de pessoal) com a demanda para a sua manutenção?

A primeira coisa que posso falar sobre orçamento é que necessitamos urgentemente de autonomia financeira articulada à democratização das decisões internas na UERN, com descentralização administrativa, financeira e acadêmica. A autonomia financeira é decisiva para o futuro da nossa universidade, pois nos dá um mínimo de segurança sobre o que teremos efetivamente de recursos a serem investidos na UERN. Essa articulação entre autonomia financeira, orçamento garantido, democracia interna e descentralização, além de autonomia política, será a base para se pensarem com seriedade questões de muita importância como desenvolvimento institucional, o crescimento na graduação, na pós-graduação e as melhorias salariais e de condições de trabalho e de estudo de seus servidores e alunos. E isso será feito em permanente escuta das demandas advindas da ADUERN, do SINTAUERN e do DCE, dialogando com cada segmento, sempre. Tudo isso representará um salto qualitativo, um novo modelo de universidade, mais democrático, uma ruptura com esse continuísmo que se apresenta hoje na UERN. Esse novo modelo de universidade permitirá que ela seja mais funcional, mais acadêmica, mais democrática, mais justa com a grande maioria, menos centralizada e com condições dignas de trabalho e estudo para os segmentos acadêmicos.

O que fazer para incrementar cursos e, ao mesmo tempo, fazer com que a Universidade esteja mais presente na sociedade?

A UERN hoje está presente em todas as regiões do Rio Grande do Norte. Em termos de alunos matriculados na graduação, ela atende também aos vizinhos estados da Paraíba e do Ceará. Mas acho que ela poderia ser mais presente também em termos de formulação de políticas públicas, por exemplo. E essa questão tem ligação com a falta de autonomia das unidades. Vejo outras instituições, que funcionam de forma independente, desenvolverem ações que não temos como fazer aqui. A UERN já atingiu a marca dos 200 doutores, mas, mesmo assim, ainda é muito tímida em nível de Pesquisa e Pós-Graduação. Não há recursos no orçamento da UERN para pesquisa assim como os Programas de Pós-Graduação vivem na dependência dos recursos federais. Não há uma política arrojada de financiamento de pesquisa em nossa universidade. E o pior, os nossos pesquisadores, quando captam recursos externos, federais, sempre enfrentam dificuldades para efetivarem suas pesquisas, por exemplo, porque não há uma política de apoio nem uma valorização efetiva da pesquisa e da pós-graduação stricto sensu. Pelo contrário, há uma superburocratização que muitas vezes retira dos pesquisadores o desejo de captar recursos. Além disso, há barreiras na UERN, sobretudo na área de Pós-Graduação lato sensu, das Especializações, que impedem muitas vezes os nossos departamentos de oferecem especializações públicas e gratuitas. Os departamentos que não dispõem de doutores para pensar em Mestrado, por exemplo, ficam quase impossibilitados de oferecem uma Especialização, pois não há nenhum apoio para essa ação. A não ser que seja paga. E como ficam os alunos que desejam fazer uma especialização e não podem pagar por ela? Sem fortalecimento da pesquisa, da pós-graduação e da extensão, a inserção na sociedade fica cada vez mais difícil. E é isso que está ocorrendo. Acrescente a isso outras questões, como: qual é a nossa política eletiva e debate de questões centrais para educação básica, conduzidas pela UERN? Qual é a nossa política para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte? Nós temos profissionais em diversas áreas que podem ser aproveitados e junto a outros, de outras instituições, pensarem, articularem e implementarem projetos diferentes para uma sociedade diferente, mais democrática, mais ética. É preciso atuar de forma mais concreta na construção de uma sociedade melhor para todos nós cidadãos. A UERN não é a-sociedade; ela não é anti-social. Pelo contrário. Ela é um espaço privilegiado de relações sociais, de projetos coletivos, de produção e de disseminação do conhecimento. E vamos dar maior visibilidade a essas questões também, que muito beneficiará a sociedade.

Como o senhor avalia a política extensionista atual?

A UERN é uma instituição extremamente burocrática, que até aqui não conseguiu construir a bandeira de academia. Essa postura interfere diretamente nas chamadas atividades fins, no tripé ensino-pesquisa-extensão. Com ações isoladas e sem recursos garantidos, os professores vão produzindo o que podem, com muito esforço e quase nenhum incentivo, são ações pontuais, importantes, mas sem o devido reconhecimento institucional. Algumas ações até tem conseguido atingir um público amplo e realizado seus objetivos, entretanto, são ações que precisam ser integradas em um projeto maior de universidade. Vamos mudar isso. Queremos que o eixo ensino-pesquisa-extensão possa ser concebido pelas políticas públicas. É preciso uma Extensão forte e competitiva e que esteja antenada com outros setores para captação de recursos. Para isso necessário se faz o envolvimento de todos os Campi da UERN. Hoje, por exemplo, muitos estudantes e professores dos Campi e Núcleos da UERN não participam equitativamente de atividades de extensão e de pesquisa e isso é um débito da instituição para com a comunidade acadêmica. Será nossa luta por recursos internos, externos e com regularidade para extensão. É preciso garantir orçamento, carga-horária docente e técnica, programas e ações, em plena articulação entre os departamentos acadêmicos, unidades e a sociedade. Não podemos continuar com a atual política do acaso, sem valorizar a extensão, ela é uma das atividades centrais de uma universidade e não pode ser a prima pobre, pouco falada e pouco valorizada, como é atualmente na UERN.

Os cursos de Mestrado e Doutorado são suficientes para atender a demanda e às exigências do MEC?

Como posto no Plano de Desenvolvimento Institucional da UERN (PDI), em seu contexto institucional se apresenta como desafio o fato de que, para manter o status de universidade, a UERN requer a institucionalização da pesquisa e a criação de cursos de pós-graduação stricto sensu, como forma de verticalização do conhecimento. Embora concordemos com o exposto no plano, acreditamos que não basta a UERN implantar cursos de pós-graduação para atender as demandas do MEC e da CAPES. Necessário se faz que a instituição favoreça condições de funcionamento desses cursos com a devida qualidade. Condições essas que passam, por exemplo, por dispor uma biblioteca com acervo, com quantidade e qualidade na área, como também laboratórios, bibliotecários, vistos hoje como aspectos prioritários para atender à demanda do MEC, sobretudo no quesito melhoria dos cursos e continuidade destes bem conceituados. Portanto, será nosso propósito de gestão investir na pesquisa desde a graduação como atividade que produz conhecimento, como parte formativa do aluno, em qualquer nível, e que fomenta a pós-graduação, bem como investir na qualidade do ensino de graduação (que tem sido pouco falado em nossa instituição, às vezes até negligenciado, não dando as condições necessárias para que os alunos possam permanecer na UERN o dia inteiro, por exemplo), visto que a UERN obteve conceito 3 na avaliação do INEP, numa escala que vai de 1 a 5, sendo aprovada e considerada suficiente, porém como uma instituição mediana. Como consequência desse resultado mediano, a UERN assumiu o patamar de única IES pública do RN com esse conceito, já que as demais instituições públicas (UFRN, UFERSA e IFRN) obtiverem conceito 4, sendo consideradas muito boas. Com isso, concluímos que a criação de Mestrado e Doutorado não se constitui por si só suficiente no atendimento das exigências do MEC, pois há muitos desafios para futura gestão. E não podemos pensar em uma pós-graduação de qualidade sem uma graduação de qualidade. Toda ação de uma universidade só se sustenta se tivermos uma graduação de qualidade. E aqui é onde a UERN tem menos investido. Pela experiência que temos também com a graduação, em departamentos e direção de Campus, sabemos o quanto não podemos fazer discursos exclusivos para Mestrados e Doutorados como se, isolados, estes transformassem a nossa universidade. É preciso conhecer a graduação, conhecer as dificuldades dos alunos, de transportes, de alimentação, de atividades de campo, seus problemas e potencialidades, para poder transformar a UERN numa universidade do tamanho de nossos sonhos. Sem graduação forte, não existirá jamais uma UERN forte.

Qual será o principal desafio da próxima gestão?

Os desafios são muitos, mas, como dissemos, a UERN tem uma estrutura arcaica, burocrática e centralizada. E o maior desafio é superar esse problema sério, evitar o continuísmo desse modelo de gestão que impede o crescimento real de nossa universidade. Desburocratizar os setores administrativos e descentralizar poderes e recursos serão os pontos-chave da nossa gestão. Não podemos nos contentar com uma Universidade em que fortes são somente os poderes das canetas centralizadas em gabinetes de pró-reitorias, traçando isoladamente os destinos de milhares de vidas, de quase todas as ações acadêmicas e administrativas de nossa universidade. A última avaliação do MEC, na qual a UERN obteve conceito 3, como dito anteriormente, expressa, dentre outras questões, que há a necessidade e a urgência de maiores investimentos financeiros na qualidade do ensino que oferecemos hoje à sociedade, nos recursos humanos, nos nossos profissionais e nos estudantes. E o problema não é somente ter muitos doutores, como muitas vezes sugerem os gestores. Na FANAT, a “faculdade dos doutores”, como é chamada, o Curso de Física obteve Conceito 2 no MEC. Foi reprovado. E é um dos cursos que tem mais doutores, proporcionalmente, na UERN. Mas onde está o problema? A Administração Superior preferiu não discutir abertamente a questão, com a comunidade acadêmica. Silenciamento total. Mas quem são os alunos de Física? Como eles viajam até o Campus Central, em Mossoró? Como se alimentam na instituição? Há locais para eles permanecerem no Campus a semana toda e frequentarem os laboratórios modernos dos pesquisados, geralmente construídos com recursos captados externamente? Como são financiadas as viagens dos alunos para os eventos científicos no Brasil e fora dele? Citei Física, porque este curso serve de exemplo para todos nós. E se tornou emblemático por revelar um grande mal que assola a nossa instituição, que é a falta de apoio aos alunos da graduação. Precisamos, em caráter de urgência, dar condições dignas para que os alunos estudem, para que os professores ensinem e para que os técnicos administrativos trabalhem. É tão importante termos doutores e pós-doutores em Física como termos as Residências Universitárias, Restaurante, Transportes coletivos, recursos para alunos, docentes e técnicos participem de eventos de interesse de seu curso, de sua formação, de seu trabalho. Essa avaliação do MEC expressa também a necessidade e a urgência de se pensar administrativamente uma UERN diferente, que valorize e garanta as condições objetivas de ensino e aprendizagem, com espaços apropriados; uma UERN mais acadêmica, democrática, descentralizada e funcional, em que os poderes estejam de fato nas unidades acadêmicas e departamentais; uma UERN em que a burocracia interna funcione e esteja sempre a serviço do crescimento da própria universidade e do pleno desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Como podemos pensar numa universidade de qualidade se a maioria de seus alunos não tem direito a aulas práticas, a aulas de campo, à participação em eventos acadêmico-científicos, à participação no movimento estudantil etc, pois não há ônibus (um único, para toda UERN, em condições precárias), não há micro-ônibus, para conduzirem os mesmos, não há recursos para financiar as viagens dos alunos? Se grande parte da infraestrutura está sem manutenção, deteriorada, até com parte dela interditada, sem condições de funcionamento? Se alunos com deficiência física, por exemplo, não podem ter acesso a Laboratórios, salas de aula do curso etc, por não ter acessibilidade ou faltarem equipamentos adequados? Como podemos pensar numa universidade de qualidade em que seus docentes não dispõem de recursos para financiar suas pesquisas nem tampouco para apresentar os resultados destas em eventos acadêmico-científicos ou em associações ou sociedades da área? Podemos mesmo pensar em uma universidade de alta qualidade se a única forma de termos financiamento para pesquisas é captando recursos externos? Se as bolsas existentes para os alunos são poucas e com distribuição muito questionada por docentes de diferentes unidades acadêmicas, por serem centralizadas? Se os professores, para participarem de eventos acadêmicos, em sua grande maioria, não tem nenhuma garantia de apoio institucional? A luta e a responsabilidade por uma universidade de excelência é a luta de Gilton Sampaio e Lucio Ney, e é a luta dos segmentos que nos apoiam.

É possível transferir a Reitoria para o Campus Central?
É possível, sim, mas não vejo essa questão como prioridade agora. Todos os recursos da UERN devem e serão investidos para a melhoria da qualidade do ensino, nas unidades acadêmicas, em todos os campi. De imediato, as prioridades na área de infraestrutura são para as salas de aula, para os laboratórios etc. No Campus Central, temos o bloco da FANAT e o da FALA para concluir, por exemplo, e temos ainda os Campi de Caicó e de Natal com obras paradas, além da necessidade de manutenção e de novas construções necessárias ao funcionamento dos Campi de Assu, Patu e Pau dos Ferros.

No campo da pesquisa, como o senhor - caso seja eleita reitor - faria para direcionar o saber acadêmico em benefício da economia regional, já que temos o sal, ferro e petróleo como principais eixos econômicos?
A UERN é a Instituição de Ensino Superior que tem maior atuação no Estado do Rio Grande do Norte, sobretudo no interior, em virtude da sua localização geográfica. Porém, a falta de articulação e mobilização políticas internas e a ausência de um planejamento financeiro e administrativo descentralizado impedem uma participação e uma contribuição maior dos pesquisadores em questões mais concretas, de intervenção direta na sociedade, seja em questões econômicas, seja em outras questões. Em termos da pesquisa propriamente dita, falta investimento, faltam recursos para que os pesquisadores possam avançar em suas pesquisas acadêmicas a ponto de as mesmas poderem dar efetivas contribuições ao setor produtivo e à formação humanística de nossos cidadãos. Os alunos envolvidos em pesquisa representam um número ínfimo. Universidade de qualidade só existe se houver investimentos nos recursos humanos e no financiamento efetivo (pelo próprio orçamento) de suas atividades-fins (no ensino, na pesquisa e na extensão) e quando houver descentralização financeira, acadêmica e de gestão. É isso que iremos fazer.

A política dos Núcleos Avançados de Educação Superior deve ser mantida?

Sempre fui favorável à expansão do ensino superior, à sua interiorização, principalmente. O acesso a jovens do interior, em sua maioria, carentes, que provavelmente não teriam como ingressar em curso superior que não fosse através da existência de um Núcleo ou Campus Avançado no seu município ou em cidade próxima já faz com que eu seja favorável à existência dos Núcleos. Entretanto, muita coisa precisa ser revista; oferecer no núcleo apenas as atividades de ensino, por exemplo, reduz a qualidade da formação daqueles alunos. É preciso reestruturar a política dos núcleos, encontrar uma forma que possibilite ao aluno do núcleo ter acesso às atividades de pesquisa e extensão, à participação nos eventos, enfim a todos os mecanismos necessários a uma formação de qualidade. Claro, essa reestruturação também precisa otimizar os recursos financeiros, uma maior participação dos parceiros, de forma a não onerar mais ainda a instituição, sem acréscimo de recursos financeiros. É preciso buscar/otimizar as parcerias com as prefeituras, com o Estado do RN e com o Governo Federal; os municípios precisam garantir as contrapartidas e entrar, junto com a Reitoria, Unidades Acadêmicas e Departamentos, na articulação de outros parceiros públicos, no estado e em Brasília. Junto, alunos, técnicos administrativos, docentes e sociedade, faremos uma nova UERN, com um Modelo Democrático e Descentralizado de Gestão Universitária; uma UERN do tamanho de nossos sonhos.

Barrigudanews
Com Informações Professor Dr. Ivanaldo Santos

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