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sábado, 24 de abril de 2021

A SAGA DOS INVISÍVEIS (um milhão de potiguares sobrevivem com renda mensal de até R$ 89)

O novo coronavírus, já não tão novo assim, se tornou um inquilino bem conhecido do mundo todo, inclusive do Rio Grande do Norte. A atualização diária do número de mortes causadas pela Covid-19 não nos deixa esquecer do grande ceifador que está diante de nós. O vírus também é responsável por acentuar outras grandes dificuldades, que uma parcela considerável da população potiguar tem que encarar, como o desemprego, a miséria e a fome.

Trazendo consigo um rastro mórbido de dor e sofrimento, tal qual a pandemia de Covid-19, a fome poderia ser atenuada com políticas públicas sociais que proporcionassem renda mínima para famílias golpeadas pela tragédia do desemprego, como o auxílio emergencial, que em 2020 amenizou a situação crítica de milhares de famílias em todo o Estado. Ao contrário do ano passado, quando cerca de R$ 5,56 bilhões foram injetados na economia potiguar, em 2021, as parcelas do benefício estão mais pobres e mais restritas: ao final da atual fase do Auxílio, a expectativa é de que R$ 827,2 milhões, o que representa um impacto negativo de 85% com relação ao ano passado.

Situação crítica para os que dependem da renda emergencial, cenário desesperador para os que sequer podem contar com a ajuda. É o caso de João Batista, 50 anos, que há cinco está em situação de rua em Natal. Ele sente na pele o amargor da crise econômica, que o deixa sem perspectiva de dias melhores no futuro próximo. Hoje catador, João relembra os tempos em que trabalhou no Ocean Palace, um dos mais badalados pontos da faixa hoteleira luxuosa localizada na Via Costeira, Zona Sul da capital. “Hoje durmo na calçada de uma farmácia, em Lagoa Nova, e não tenho documentos, por isso não consigo o auxílio. Acabo contando com a ajuda diária da população para comer e seguira vida, vasculhando lata de lixo, procurando algum material reciclável para conseguir um trocado”, conta.

A saga é a mesma de muitas dessas figuras quase invisíveis em Natal. Cada um com uma história que tem em comum o insucesso em algum momento da vida. Cada dia, uma luta. São personagens que resistem aos mais diversos obstáculos em busca de um amanhã melhor. Na análise de Antônio Spinelli, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CISO/UFRN), o aumento da fome pode ser atribuído a uma política econômica equivocada.

“A única solução viável para combater a crise econômica é debelar a pandemia. Ampliar a vacinação, testagem e as medidas de defesa da população, como evitar aglomerações e incentivar o uso de máscaras. O Governo Federal tem agido, através do Presidente da República, contra tudo isso. É preciso que o governo federal ofereça um auxílio emergencial mais robusto, além de estimulas as pequenas e médias empresas para que elas possam segurar o trabalhador. Com nada disso sendo feito, temos a volta do Brasil ao mapa da fome e o Rio Grande do Norte é uma peça dessa engrenagem maior”, afirma o cientista político.

Fonte: AgoraRN - Fragmento da Reportagem
Rio Grande da Fome: um milhão de potiguares sobrevivem com renda mensal de até R$ 89

Um comentário:

  1. Ou seja, teoricamente, um milhão de potiguares sobrevive com menos de um botijão de gás que agora custa 90 reais.

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