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quarta-feira, 13 de julho de 2016

A HISTÓRIA DE DONA NEVINHA (Crônica do Cotidiano)

Ontem,12, estava em Natal, sentado nos jardins de uma repartição pública, esperando minha filha, quando de repente senta-se ao meu lado uma senhora e puxa conversa (desabafa) sobre acontecimentos de sua vida. Com os olhos marejando, começa a falar da morte do seu esposo, ocorrida em 2013 e foi falando, falando sem parar. Chamada por uma irmã, se afastou um pouco.

Aquela história ficou martelando na minha cabeça. A chamei de volta, me identifiquei, e perguntei se poderia publicar tudo aquilo que ela me contou. Sorriu e disse: pode meu amigo. E é justamente o que faço agora.

Maria das Neves (Dona de casa-foto) e José Augusto (Garçon - La Távola) se conheceram em Natal; foi paixão intensa. Se uniram, e um ajudando ao outro construíram, com muita dificuldade financeira, uma vida em comum.

Dessa união nasceram 03 filhos (02 homens e 01 mulher). Sempre batalhando muito; ele como garçom e ela fazendo bicos (costurando pra fora, vendendo doce,etc) conseguiram dar educação para os filhos.

Em 2013 o senhor José Augusto (50 anos) começou a sentir fortes dores na cabeça. Tomava um medicamento a dor passava, em seguida voltava de novo. Depois de uma consulta, o médico solicitou uma ressonância magnética para tentar descobrir o problema.

Aí começou mais um dilema, como conseguir dinheiro para pagar o exame?

Contando sua situação ao proprietário do Baratão (ela disse que era um supermercado do bairro das quintas) ele se solidarizou e naquele instante começou a fazer uma "vaquinha" com os clientes, conseguindo então a quantia necessária para pagar a ressonância.

Feito o exame, veio a surpresa; seu esposo estava com um tumor na cabeça e precisava com urgência de uma cirurgia para retirada do mesmo. Enquanto dona Nevinha batalhava para conseguir a cirurgia pelo SUS, o quadro clinico de seu Augusto se complicava: não conseguia mais falar direito, dificuldade para se locomover, perda de alguns sentidos, etc.

Na véspera da Cirurgia, seu Augusto sofreu uma parada cardíaca e não resistiu. "Perdi um grande homem, o amor de minha vida. É muito difícil conviver com essa dor e com essa saudade" relata Nevinha com os olhos marejando.

"Ele se foi e não teve oportunidade de ver os filhos formados, pois era um sonho que ele tinha."

Dona Nevinha mora no bairro das quintas, próximo à LIGA.  Sei que dificilmente iremos nos encontrar novamente, por isso quero lhe desejar boa sorte nessa caminhada e lhe agradecer por permitir que partilhasse um pouco de sua história com todos os nossos leitores.

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