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sexta-feira, 17 de julho de 2015

“EU VOU EXPLODIR O GOVERNO”, DIZ CUNHA AO ROMPER COM DILMA

MOSSORÓ HOJE - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou nesta sexta-feira (17) o rompimento de suas relações políticas com o governo de Dilma Rousseff (PT). O anúncio foi feito um dia após vir a público o depoimento do consultor da Júlio Camargo à Justiça Federal do Paraná, no âmbito da operação Lava Jato, no qual ele afirma ter pago US$ 5 milhões em propina a Cunha. O presidente da Câmara nega as acusações.

"Estou oficialmente rompido com o governo a partir de hoje", declarou. Ele disse ainda que irá pregar no congresso do PMDB, que deve ocorrer em setembro, a saída do partido da base aliada do governo. "Teremos a seriedade que o cargo ocupa. Porém, o presidente da Câmara é oposição ao governo", disse.

Cunha é do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer. No entanto, as relações entre o chefe da Câmara e o governo Dilma já estão tensas desde que o peemedebista tomou posse como presidente da Câmara, em fevereiro.

Na última quinta-feira (16), Cunha emitiu uma nota na qual negava as acusações feitas por Camargo. Em entrevista coletiva, o presidente da Câmara afirmou que não se deixará ser "constrangido" e "fragilizado" pelo depoimento de Camargo.

Cunha voltou a defender a tese de que as investigações contra ele são um ataque pessoal feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e que o Palácio do Planalto estaria influenciando os rumos da operação Lava Jato. Cunha chegou a dizer que Janot poderia ter pressionado Camargo a "mentir".

"É muito estranho, às vésperas da eleição do procurador-geral da República e às vésperas de pronunciamento meu em rede nacional [marcado para esta sexta-feira], que as ameaças ao delator tenham conseguido o efeito desejado pelo procurador, ou seja, obrigar o delator a mentir", afirmou Cunha.


Explodir
Ameaçado de implosão pelos desdobramentos da Operação Lava jato, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) decidiu dobrar a aposta. Ele sinaliza para os seus aliados que está estocando dinamite. “Eu vou explodir o governo”, declara em privado o presidente da Câmara. Terceira autoridade na linha de sucessão, Cunha imaginava-se portador de um destino. Começa a perceber que virou uma fatalidade. E não parece disposto a ruir sozinho.

Dias atrás, em conversa com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), Cunha acusou-o de tramar com o procurador-geral da República Rodrigo Janot para prejudicá-lo. Alheio às negativas do interlocutor, Cunha ameaçou converter a rotina do governo na Câmara num inferno. Noutro encontro, tratou do impeachment de Dilma com o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ).

Cunha arma emboscadas para Dilma na volta das férias do Legislativo, em agosto. Age em combinação com o presidente do Senado, Renan Calheiros, outro investigado da Lava Jato que busca refúgio atrás da tese do sítio do Planalto e da Procuradoria ao Congresso. A dupla trama inaugurar CPIs sobre Fundos de Pensão e BNDES nas duas Casas. As comissões do Senado já foram encaminhadas.

Com a bússola quebrada, o Planalto avaliara que o avanço da Lava Jato sobre os investigados com mandato levaria a um recuo de Cunha e Renan. Deu-se, porém, o oposto. Na definição de um cacique do PMDB, os presidentes da Câmara e do Senado comportam-se como “camicases” —uma referência aos pilotos da força aérea japonesa que realizavam ataques suicidas contra armadas inimigas.

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