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segunda-feira, 22 de junho de 2015

DESINFORMAÇÃO: METADE DOS NORDESTINOS NÃO SABEM USAR MEDICAMENTOS DE FORMA ADEQUADA

Isaac Ribeiro/TN
 
Metade das pessoas que vivem no Nordeste não sabe consumir medicamentos de forma adequada, assegurando seus efeitos e com segurança. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico e o Datafolha. O índice está dez pontos percentuais acima da média nacional. Essa desinformação aumenta os riscos de intoxicação e até mesmo de morte, em relação a outras regiões.

Entre as causas está a falta de atenção no que indicam as bulas e as embalagens dos remédios, além do hábito de não consultar o farmacêutico na hora da compra, nas farmácias. Ainda é tido como agravante para essa situação o fato de os nordestinos considerarem as farmácias não apenas um estabelecimento de saúde, e sim um comércio comum, tal qual uma perfumaria ou supermercado.

Segundo o estudo “Uso Racional de Medicamentos”, 57% dos nordestinos admitem encarar a farmácia como um centro de comércio de produtos comuns, como uma loja de conveniência, por exemplo.

Dirceu Raposo, presidente do Conselho Científico do ICTQ comenta os riscos da desinformação. “As interações podem promover o aumento da ação de uma ou mais drogas, a diminuição da ação ou ainda a anulação do efeito das mesmas. Dessa forma, as interações podem causar de efeitos leves e passageiros até a morte, ou danos que originem sequelas transitórias ou perenes.”

Outros números

A falta de informação não é uma característica apenas dos que vivem no Nordeste. As regiões Norte e Centro-Oeste vêm logo em seguida, com 46%. Depois aparecem o Sul (39%) e o Sudeste (31%).

Com relação à idade, entre os brasileiros na faixa de 45 a 59 anos, o índice de desinformação sobre o consumo de remédios sobe para 42%. Já entre as pessoas a partir dos 60 anos, o número é de 41%.

Mas é na população da terceira idade que estão os índices mais elevados de desinformação sobre o consumo correto de remédios. A razão seria o grande número de remédios consumidos diariamente.

A pesquisa também investigou o descuido com medicamentos nas classes sociais e constatou que as menos favorecidas também padecem com a ausência de informações sobre o uso racional de remédios. O índice de desinformação entre os brasileiros das classes D e E é de 55%.

Essa não é a primeira vez que o Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico centra foco na relação do brasileiro com remédios. Em estudos anteriores, realizados ano passado, o ICTQ identificou que 76,4% da população têm a prática cultural de consumir medicamentos sem considerar recomendações médicas e farmacêuticas.

Também foi observado que 32,2% dos brasileiros não costumam verificar as datas de fabricação e vencimento dos medicamentos que consomem; 46,1% não se importam em ler as bulas; e 67,9% não seguem nunca os horários prescritos pelo médico ou farmacêutico para a ingestão do remédio.  

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