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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

CRÔNICA: O PRAZER DE ENVELHECER E DE MORRER (DE BEM COM A VIDA)

A cada dia, manchas senis vão decorando o dorso de minha mão, como estrelas que vão surgindo no início da noite. 

O sorriso sendo emolduradas por bem desenhadas rugas, alegres e expressivas. 

Um vinco insiste em descer a cada lado do nariz em direção aos lábios. 

A pele vai lentamente se descolando dos músculos como se divorciasse de sua elasticidade. 

O sono piora e mais pareço um vaqueiro que às 4h já não cabe na cama. 

E dia a dia, mês a mês, vou desenvolvendo a natureza, aquilo que não é meu: células, proteínas, carbonos, nitrogênios, enfim, a matéria! Lenta e continuamente me despeço da juventude, do vigor, das ilusões e sonhos impossíveis.

Não há mais lugar para arroubos, impulsividades, revoltas juvenis. 

Pouco a pouco sou dominado pela moderação, pela compreensão profunda do que vai na minha mente, coração e alma. Observo o mundo que me cerca, munido de curiosidade, sabedoria. 

*Via Pádua Campos

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