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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

POLÍTICA: O PT repaginado

O governo da presidenta Dilma Rousseff é aprovado nas urnas e dá a ela cacife para comandar a maior renovação do partido

O Partido dos Trabalhadores não é mais o mesmo. Uma revolução silenciosa, cujo signo é o sentimento da mudança, faz nascer novas lideranças, oblitera velhos caciques e desencadeia a maior transformação da história da legenda. Basta olhar os resultados das eleições municipais para entender a dimensão desse processo. Eleito prefeito em São Paulo, Fernando Haddad, 49 anos, é um dos símbolos da transformação.

 Em seu discurso da vitória, Haddad falou em autocrítica, na reconstrução do partido e agradeceu efusivamente à presidenta Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula, os principais fiadores de sua candidatura. No texto, escrito de véspera, fez ainda um chamamento à intelectualidade, às forças produtivas e aos movimentos sociais, num claro resgate das raízes partidárias do PT da década de 1980. O teor do discurso de Haddad resume a diretriz que Dilma estabeleceu em seu governo: a opção por políticos de perfil técnico, dedicados à boa gestão e sem os ranços do tradicional fisiologismo partidário.

Nas primeiras tratativas para a montagem de seu gabinete, Haddad seguiu a cartilha da presidenta e avisou que não se renderá ao “toma lá dá cá”. A referência ao modo de governar de Dilma ganha cada vez mais espaço dentro do PT, serviu de slogan para centenas de candidaturas e passou pelo primeiro grande teste nas urnas. O resultado foi a maior votação de um partido em eleições municipais, com mais de 17,2 milhões de votos em todo o País. Foram 635 prefeitos eleitos, o que significou um crescimento de 14% no número de municípios nas mãos do PT. Dilma foi uma das grandes vitoriosas da eleição. Seu governo, pela primeira vez, foi submetido ao escrutínio público – e os resultados, para ela, não poderiam ter sido melhores.
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PARCERIA
Com a eleição de Haddad, o ex-presidente Lula reafirma seu poder na
legenda e, de olho em 2014, investe em um novo desenho para a cúpula petista
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Esse partido que saiu das urnas revela o sucesso de uma estratégia que começou a ser traçada pelo ex-presidente Lula na eleição de Dilma em 2010. Consciente dos efeitos negativos do julgamento do mensalão, com a condenação de lideranças tradicionais como José Dirceu, João Paulo Cunha, José Genoino e Delúbio Soares, o ex-presidente vem trabalhando obsessivamente para mostrar que o partido está disposto a reescrever sua história. Numa reunião com a coordenação de campanha de Haddad, uma semana antes do segundo turno, Lula ressaltou que a vitória do ex-ministro da Educação em São Paulo seria mais um passo fundamental nessa reformulação. Em uma avaliação interna, o ex-presidente se disse incomodado com o fortalecimento de legendas à esquerda do espectro partidário, como o PSB. Segundo ele, o caminho para reconquistar o espaço ideológico e sanear a imagem pública do PT passa pela renovação dos quadros da legenda. O cientista político Rafael Cortês, da consultoria Tendências, avalia que Lula acertou em cheio ao perceber essa necessidade antes de todos. “Ele está usando seu capital político para bancar essa transformação”, diz Cortês.

Na terça-feira 30, o presidente do PT, Rui Falcão, se reuniu com a bancada do partido no Congresso para debater o assunto. Foi informado de que parte importante da sustentação do PT, como os sindicatos bancários, de professores e da saúde, está decidida a se alinhar totalmente à imagem de Dilma e se afastar do grupo de Dirceu. Falcão percebeu que o partido vem perdendo espaço nos movimentos sindicais, debandando para a órbita de legendas como o PSol. O impacto da condenação dos réus petistas, a propósito, foi alvo de uma pesquisa encomendada pelo PT logo após o fim do segundo turno. A cúpula da sigla desconfia que a abstenção recorde registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – mais de 22 milhões não compareceram às urnas – faça parte de um fenômeno de “desilusão” política e que grande parte desse exército de desencantados seria de eleitores ou simpatizantes do PT. Dependendo do resultado da pesquisa, o partido poderá tomar medidas mais radicais para minimizar o “efeito mensalão” e reconquistar esses votos antes que eles encontrem outro destino.
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No desenho de uma nova cúpula partidária, poucos políticos somam tantos pontos como a paranaense Gleisi Hoffmann, ministra da Casa Civil. Braço direito da presidenta Dilma, a ministra conseguiu eleger Gustavo Fruet (PDT) na capital do Paraná e será candidata ao governo do Estado. Apesar de estar no partido desde 1989, ela é um dos exemplos mais emblemáticos da renovação partidária porque sempre esteve em cargos técnicos, ganhando espaço político a partir da eleição para o Senado, em 2010. Outros dos novos líderes petistas são o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), cotado para o governo de Minas Gerais em 2014, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que se credencia como a opção para São Paulo. Também vindo do movimento estudantil, o ministro tem atraído a simpatia dos políticos petistas ao abrir o cofre da pasta que comanda para atender a reivindicações de emendas parlamentares.

ISTO É
Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jeronimo
Reportagem completa AQUI

 

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