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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O Século 21 do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RN



Yuno Silva - Repórter

Há quase 111 anos, o número 622 da rua da Conceição, na Cidade Alta, serve como endereço para o maior acervo cultural do Rio Grande do Norte. Casa da Memória, como bem disse Câmara Cascudo, a nau do Instituto Histórico e Geográfico está prestes a mudar de comando: no dia 29 de março do próximo ano, data de aniversário do IHGRN, o escritor e articulista Valério Mesquita toma posse como novo presidente da mais antiga instituição cultural do Estado. Ele substitui o procurador aposentado Jurandir Navarro, que por sua vez assumiu o posto após o falecimento de Enélio Petrovich (1934-2012) em janeiro passado.

O desafio da nova diretoria, cuja intenção é imprimir um perfil mais horizontal e participativo à gestão da entidade, resume-se em três palavras: modernização, visibilidade e acesso. O caminho é longo e a missão árdua: "Faremos um levantamento geral do acervo e da segurança desse acervo, da situação financeira e da estrutura física do Instituto", adiantou Mesquita, que recebeu a reportagem da TRIBUNA DO NORTE na manhã de ontem, durante reunião com outros diretores. "Queremos motivar a visita de estudantes e retomar o interesse da população", planeja o novo presidente.

Mesquita adianta que a meta é digitalizar o acervo, informatizar as pesquisas, climatizar as principais salas e facilitar a consulta, inclusive via internet. "É hora de entrar nessa nova era da comunicação", acredita o presidente eleito. Porém, a falta de recursos configura-se como principal limitador para se atingir qualquer dos objetivos. Para tentar driblar a dificuldade financeira, a nova diretoria - antes mesmo de tomar posse - já articula na Assembleia Legislativa a apresentação de emendas ao orçamento do Governo; e busca formalizar parcerias com instituições públicas e privadas. A elaboração e inscrição de projetos em editais específicos para entidades museológicas também está em pauta.

Vale registrar que, por enquanto, ainda não há um orçamento definido para efetuar a modernização e as mudanças pretendidas - os valores serão levantados de acordo com o andamento dos trabalhos da nova diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN. "O Governo precisa considerar a cultura como uma das prioridades do Estado. Claro que há outras carências, mas não podemos deixar que ela seja esquecida", disse. Valério Mesquita adianta que Iphan, Crea e Corpo de Bombeiros serão as primeiras instituições procuradas: "Nossa estratégia operacional começa por garantir a segurança do acervo".

Atualmente a única fonte de renda do IHGRN é a mensalidade dos cerca de 200 sócios, uma contribuição de apenas R$ 10 por mês, mas atualmente menos de 50 pessoas estão em dia. A falta de sustentabilidade é tão complicada, que a folha de pagamento só estão fechando com a venda de livros doados e outros que estavam em grande quantidade no acervo - o já as contas de água e luz estão sendo pagas pelo atual presidente Jurandir Navarro. A instituição possui sete funcionários, sendo quatro cedidos pela Fundação José Augusto. "Temos pressa e precisamos agilizar a reestruturação do Instituto para o período da Copa", verificou o advogado Carlos Gomes, que assumirá o cargo de secretário-geral. Gomes foi responsável pela atualização do estatuto original, de 1927, que passou a atender as novas diretrizes do Código Civil. Carlos Gomes lembrou que o IHGRN possui mais de 30 mil livros, coleções de jornais e centenas de milhares de documentos.

Porão será usado como novo cômodo para o acervo

A nova diretoria também pretende promover encontros periódicos para realizar debates ser "personalização dos temas", avisa Ormuz Simonetti, escritor, genealogista e vice-presidente na próxima gestão. "É um desafio grande reerguer o IHGRN, e temos que contar com apoio de toda a sociedade", acredita, informando que a marca do grupo que assumirá o Instituto em março de 2013 é o companheirismo. "Tudo será decidido em colegiado".

Ormuz reconhece que boa parte do acervo está em condições precárias, e que muitas estantes estão há mais de 40 anos sem um tratamento adequado. "Os livros precisam de limpeza e possíveis focos de cupim precisam ser exterminados". Outro detalhe que ele chama atenção é o porão, que nunca foi aberto. "Precisamos de espaço e é bem possível que o porão sirva de abrigo para os cupins", arrisca.

Francisco Fernandes Marinho, sócio e voluntário do Instituto, responsável pela organização do catálogo da entidade, ressalta que documentos seculares estão em risco sem a manutenção do espaço. "O zelador, seu Manoel, tenta controlar os cupins", disse Marinho, que quer ver o IHGRN recuperado e saber o que existe. "Tem muita coisa que desconhecemos aqui ainda".

Frágeis histórias de papel

Sob uma janela aberta nos fundos da biblioteca principal do Instituto, em meio a livros, revistas e jornais antigos, muita poeira e mofo, o historiador Augusto Medeiros, 27, folheava publicações em busca de informações para sua dissertação de mestrado. Augusto está pesquisando sobre o Café São Luiz, na Cidade Alta, e a movimentação do Grande Ponto entre os anos de 1953 e 1980 - recorte histórico de seu estudo. "Aqui encontro um acervo riquíssimo, fundamental para se conhecer detalhes da história do RN", disse o historiador, que considera o estado de conservação satisfatório. "Os jornais mais antigos é que estão mais frágeis".

Augusto Medeiros tem estado no IHGRN com maior frequencia desde 2011: "Estarei por aqui até o último dia do mestrado, em março do próximo ano".

A NOVA DIRETORIA DO IHGRN

Valério Mesquita - presidente

Ormuz Simonetti - vice-presidente

Carlos Gomes - secretário geral

Odúlio Medeiros - secretário adjunto

George Veras - diretor financeiro

Eduardo Gosson - diretor adjunto

José Targino Araújo - orador

Edgar Dantas - diretor da biblioteca, arquivo e museu

Conselho fiscal

Eider Furtado

Paulo Pereira dos Santos

Tomislav Femenick

Lúcia Helena Pereira

Via Tribuna do Norte

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