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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

ESPAÇO CULT : À flor da pele - "Eu quero descobrir coisas novas, ainda estou esperando um vento pra me guiar.”

Marcelo Camelo, músico e compositor carioca, esteve no Espaço Revista CULT nesta segunda-feira, dia 13. Ele participou de bate-papo com fãs, com mediação do jornalista da Folha de S.Paulo Marcus Preto, dentro do projeto Grandes Artistas.
Camelo foi um dos fundadores da banda Los Hermanos e, desde 2008, começou carreira solo com o disco Sou. Em 2011, lançou o Toque Dela. Nos próximos meses inicia temporada de shows com voz e violão. Leia abaixo os principais momentos do bate-papo.

Arte e sentimento
“Desde muito pequeno sempre tive o sentimento muito à flor da pele, e sempre foi difícil lidar com isso; eu sentia uma solidão muito grande. Era uma dificuldade de encarar a assertividade, o sim e o não, que existe no mundo. E a música foi uma forma de lidar com isso. Era um lugar confortável quando percebi que tinha talento para música. A arte – a música, o cinema, o teatro, tudo – para mim é uma forma de chegar até as pessoas. A arte é um instrumento do sentimento.”

Consciente e inconsciente
“Comecei a tomar esse caminho mais inconsciente quando iniciei a carreira solo. Fiz quase todos os discos dos Los Hermanos sob uma influência mais consciente. É como se tivessem duas vertentes na música brasileira. Uma mais consciente, que é onde está o samba, que tem uma história bem contada, como uma crônica musicada. A outra, mais do inconsciente, aquela que te toca profundamente e você não sabe muito bem por que razão. O Criolo é uma das pessoas que mais me impressionou, ele é muito do inconsciente e tem essa presença toda.”

O defeito como método
“Depois que eu saí dos Hermanos, mudei meu jeito de compor. Antes eu tinha um caderno, tinha uma ansiedade para terminar cada música, era tudo muito certinho. Agora a música vai se formando na minha cabeça, não gravo nem anoto nada. A cada volta dentro da cabeça ela ganha uma palavra, perde outra, e a melodia vai sendo construída, até a hora em que não tem mais como mudar. Eu uso a incerteza e o defeito como método, acho que essa é uma maneira que articula melhor o lugar escorregadio do sentimento humano.”

Los Hermanos
“O Los Hermanos virou uma banda ponto de encontro. A gente tem muita intimidade, viajamos e passamos toda uma história juntos. A gente começou no underground, primeiro como os queridinhos, depois como os melhores. Ai veio “Anna Julia” [música de maior sucesso do grupo] e passamos a ser odiados. Depois disso, tiveram todos os altos e baixos, um disco rejeitado… Sempre foi uma relação muito verdadeira. Não temos planos para o futuro, mas também não colocamos um ponto final na nossa história.”

O futuro
“O violão é o conforto pra mim. E estar confortável é um problema, é como estar aposentado. Eu ainda não planejo isso, não é desafiador. Eu quero descobrir coisas novas, ainda estou esperando um vento pra me guiar.”

Barriguda News
Via Revista CULT

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