Sob a influência do rock dos anos 50 e da música nordestina, principalmente Luiz
Gonzaga, despontou no cenário nacional aquele que até hoje é considerado um mito
dentro da música brasileira: Raul Seixas. Se propondo a fazer um apanhado da
vida pessoal e profissional do cantor, o documentário Raul: O Início, o
Fim e o Meio retrata com competência a trajetória do artista desde a
época em que era um jovem roqueiro na Bahia até sua morte, em 1989, em São
Paulo, vítima do álcool e outros excessos.
Consciencioso, o diretor
Walter Carvalho (Cazuza - O Tempo Não Para) não teve a pretensão de desvendar ou
explicar o mito – afinal, se for explicado deixa de ser mito, como mesmo disse o
cineasta em entrevista a este crítico. Inteligentemente, apostou em fazer um
documento audiovisual que ajuda a entender quem foi o homem e o artista Raul
Seixas por meio de depoimentos daqueles que conviveram mais intimamente com o
maluco beleza da música popular brasileira.
Raul - O Início, O
Fim e o Meio é cronológico e parte da infância do cantor na Bahia
terminando com sua morte em São Paulo. Na produção de montagem impecável – que
levou 18 meses para ser concluída e transformou mais de 200 horas de material
bruto em 2 horas de um filme afiado – vemos o Raul menino influenciado por Elvis
Presley, o primeiro grupo (Raulzito e seus Panteras), o disco da virada na
carreira (o álbum que tem o clássico Sociedade Alternativa), os muitos
relacionamentos amorosos do cantor e uma série de depoimentos emocionados e
pungentes que leva o espectador a compor um retrato humanizado de Rauzito.
As entrevistas reunidas são todas marcantes, algumas memoráveis.
Depoimentos de Paulo Coelho (grande parceiro de composição que abriu a Raul as
portas para as drogas e misticismo), Caetano Veloso (reconhecendo a genialidade
da música Ouro de Tolo), Nelson Motta, Pedro Bial, Marcelo Nova, Tom Zé e de
suas ex-companheiras (Seixas era um conquistador inveterado), entre outros,
ajudam a compor o perfil do artista que até hoje possui uma legião de fãs que o
idolatra (eles também estão no filme entoando as canções do ídolo).
O
documentário de Carvalho não é condescendente. Da mesma forma que retrata a
genialidade do cantor, esmiúça suas irresponsabilidades, advindas em sua maioria
de seus problemas com as drogas, principalmente o álcool. Igualmente complicada
era a relação do músico com as mulheres. As ex-esposas e namoradas deixam claro
que era inviável o convívio com o cantor, mas tampouco escondem a paixão que,
ainda hoje, nutrem por ele.
Se há algo dispensável no filme é a
participação de Caetano Veloso, que era detestado por Raul. Caetano, por sinal,
virou uma espécie de Inmetro da música brasileira. Quando se quer chancelar a
qualidade a um artista e dar respeitabilidade a seu trabalho, é só convocar o
baiano. A obra de Raul dispensa o aval de seu conterrâneo, assim como o próprio
maluco beleza provavelmente dispensaria sua participação no filme se vivo fosse.
Fonte: Portal MSN
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ResponderExcluircoloqui o meu link na sua lista de blog spareciro
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