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quarta-feira, 21 de março de 2012

MEU AMIGO "TITICO DO PICO"

Titico, meu velho amigo de tantas jornadas na política de Antônio Martins, está recebendo uma justa  e merecida homenagem "in memorian" do seu filho César. Achei providencial reproduzi-la aqui para que mais pessoas conheçam um pouco da história do amigo TITICO DO PICO.

“VEREADOR NÃO TEM TEMPO PARA DORMIR”


Este pequeno relato é parte de uma singela obra bibliográfica que a inspiração e o orgulho estão me convencendo a produzir, apesar do tempo que tem sido muito curto devido à correria e a vida de um constante estudante que enfrentamos, já estamos bem adiantados, em um momento oportuno, com a graça de Deus confeccionaremos essa homenagem a TITICO DO PICO, sobre SUA POESIA, SUA VIDA, SUA HISTÓRIA. Esta é uma forma de senti-lo vivo e ainda presente..


Pois bem...
15 Março, sexta feira, diferentemente das outras noites mossoroenses, hoje esta uma noite calma e tão fria que o orvalho, é visível nas superfícies com temperatura contrastante com a umidade do ar. Cansado, depois de chegar da UERN me sento em frente à Televisão para assistir o Globo repórter, esta passando um documentário muito interessante sobre as formas de vida nas fabulosas florestas aciculifoliadas da Austrália.
Ao mesmo tempo em que vejo com muita atenção a reportagem, Daniel diz, “essa hora Painho deve tá assistindo, ele gosta destas coisas”, Rêmulo diz; “Pai também, quando as reportagens são de animais ele sempre assiste”. (Rêmulo e Daniel são grandes amigos com quem tenho o prazer de morar na Casa do estudante de Mossoró – CEM ).
Neste momento, surge vagamente no teatro de minha mente, uma daquelas noites que me recordo com tanto prazer, Pai sentado no sofá em frente à Televisão e os pés em cima do centro. Sentava ali, todo a vontade e via o globo repórter como era de costume nas sextas feira. Já cansado depois de uma semana de correrias “caiu” no sono ali mesmo.
Eu o filho mais novo quando o vi ali dormindo, Imaginei; “Pai já deve esta dormindo, vou lá acordar ele e mandá-lo ir pra cama”.
Lá ia eu;
”Pai, Pai, o senhor já tá dormindo, vá para cama”...
E ele;
“Não, eu não tô dormindo não, tô só cochilando”...
Eu indagava, “E qual é a diferença?”.
Ele dizia;
“Você já viu Vereador dormir meu filho?”...
Eu, pra dar uma de engaçado;
“O senhor não é Vereador e ta dormindo!”...
Ele faz novamente a pergunta e ao mesmo tempo responde..
“Eu só cochilo, quantas vezes você não esta acostumado a ver que quando eu tento dormir, sempre vem alguém e me acorda, e hoje eu não vou me deitar cedo porque estou esperando uma pessoa lá do Pico que vem de Natal e vai dormir aqui”...
Tomei a palavra e disse;
“Há, sendo assim eu vou esperar com o senhor também”...
Respondeu;
“Tá bom meu filho, sente aí e veja o globo repórter também”...
Sentei e fiquei ali assistindo até cochilar no sofá, lá pras altas horas da madrugada, já pertinho da ambulância com o pessoal chegar da capital, acordo, procuro ele e não o vejo no sofá, estico um pouco o pescoço e percebo que está sentado na mesa da segunda sala escrevendo em um pequeno caderninho, caminho até as proximidades de mesa e chegando lá, todo desconfiado e curioso,
Digo;
“O que é isso Pai?”...
Ele diz;
“São umas coisas que estou notando aqui para não esquecer”...
Curioso e calado e sem saber o que estava escrito ali naquela agenda, saio e vou cambaleando de sono em direção ao sofá de novo. Quando vou me deitando escuto o barulho da buzina da ambulância.
“Pai o carro chegou”. Digo eu.
Ele responde;
“Diga que já vou”...
Imediatamente saiu para dizer ao motorista (Não me recordo quem era porque a Ambulância era a de Frutuoso Gomes - cidade vizinha - ele tinha solicitado porque a de Antônio Martins tinha quebrado) que esperasse um pouco.
Pouco tempo depois, Pai caminha lentamente até a porta para receber o povo, eu lá por fora todo curioso, já havia feito toda uma espécie de vistoria na ambulância, permanecia por ali como menino traquino. Eles lá, conversa vai, conversa vem... É quando Pai me chama e...
Diz;
“César, vá até à mesa , abra aquele caderninho e me traga um dinheiro que tem dentro dele.” (Era o dinheiro para dar uma gratificação ao motorista).
“Está certo”, respondi...
Caminhei até a sala para pegar o dinheiro nesse bem dito caderno que tanto eu tinha curiosidade de saber o que escondia em suas folhas, chegando lá aproveito para ver sem a sua permissão o que tinha ali.
Começo a ler a pagina aberta; “um botijão de fulano, uma conta de luz de cicrano, mandar buscar a mulher de fulano para a consulta”..
Eram tantas pequenas coisas que minha simples memória de criança não arquivou tudo em suas gavetas invisíveis.
Pois bem, corro lá para entregar o dinheiro e,
Digo;
“Mas o senhor deixa de dormir para ficar anotando coisa que poderia ter anotado durante o dia?”...
Ele responde com ar de riso para mim e para o motorista;
“Eu lhe falei que vereador não tinha tempo para dormir”...
“Passado é o que passou, não passou o que ficou na memória ou no bronze da história”. - Ulisses Guimarães

Cesar Amorim : Antônio-martinense, Estudante do sexto período do curso de Direito Pela UERN/ Professor de História do Brasil.

Direitos Reservados: Os textos podem ser reproduzidos, desde que citados o autor e a obra (Código Penal, art.184; Lei 9610/98, art. 5° VII).

3 comentários:

  1. Grande amigo e companheiro de meu Pai.
    Meu amigo Dr. Jânio de Melo fico profundamente lisonjeado pela sua presença no meu blog, este que me serve como uma gaveta de arquivos ou de inquietação humana.

    Mas feliz ainda fiquei quando disponibilizou em seu blog este pequeno capítulo da vida de meu pai, não conhecia seu espaço virtual ainda, mas tenho certeza que é de ótima qualidade em conteúdos, haja vista que, ao longo do tempo de convívio que tive com o senhor , quando trabalhava na minha querida Antônio Martins, sempre o vi como um homem e profissional dedicado e capacitado em suas atividades, fato este que lhe gerou o respeito de todos daquela amada terra.

    Estou confeccionando uma pequena biografia sim, nela constará além do que estou escrevendo através de minha pesquisa com as pessoas que conviveram e cresceram com ele, também aquilo que lembro e os famosos versos que ele recitava nos palanques, pois o próprio deixou guardado muitos escritos e rabiscos das campanhas de 1986/1988/1992/1996, outros ainda sobre a morte do presidente Tancredo Neves em 1985. Deixou também algumas cartas escritas para Carvalho Neto e para Geraldo Melo na época da abertura política, dentre outras coisas, como fotografias, jornais, projetos etc.

    Meu amigo, o tempo para fazer essa pesquisa tem sido muito curto, o senhor sabe, nossa vida é muito dinâmica e as horas são todas cronometradas e compromissadas, mais já estamos com muito material produzido.

    Sobre as perguntas, relatos e pronunciamentos com pessoas, políticos e amigos que partilharam com ele momentos e afazeres, estou enviando um questionário baseado no convívio que tiveram com ele, nestes questionamentos estou procurando deixar os entrevistados bem a vontade para discorrer aquilo que desejarem. O senhor não tenha dúvidas que sua contribuição será de fundamental e indispensável importância, devido aos anos de convivência e de amizade que tiveram.
    Não posso arriscar em dizer ao certo quando terminarei esta singela homenagem, porque como já disse, existem outras atividades que nos consomem também, mas já estamos bem adiantados.
    Breve enviarei um material para que o senhor também faça parte desta construção biográfica, entrarei em contato e enviarei por e-mail.

    Um grande abraço.
    Cesar Amorim.

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  2. Um pequeno comentário que virou um desabafo.
    Que alegria eu não tive de ver esse texto escrito por meu amigo-primo-irmão César Amorim (Cesinha), como primos e amigos, eu já conhecia esse texto, tenho este e outros no meu PC... Mas foi bom ver e lê-lo no espaço virtual, bom para que as pessoas que não são Antônio-martinenses possam conhecer um pouco do "ser humano Titico do Pico", inclusive os próprios Antônio-martinenses também visto que já vai fazer catorze anos que ele nos deixou...
    Sempre me emociono ao lembrar dele, pois lembro-me das pequenas coisas... Aquelas pequenas coisas que nos ligam, que nos unem...Lembro muito bem do seu sorriso, da sua voz...Uma vez César me perguntou o que eu lembrava dele...Eu respondi: "Cesinha eu me lembro que quando eu ia lá, ele saia chamando você que quase nunca estava em casa para nós brincarmos!" E hoje veja só meu amigo César! Acredito que ele está muito feliz de ver lá de cima que os primos, não ficaram só sendo primos, eles viraram amigos.
    Acredito que será uma grande homenagem essa sua de fazer uma singela biografia... Mais pessoas tem que ter acesso àqueles cordéis que ele escrevia (mesmo sem ter cursado um colégio, tendo aprendido a ler e escrever tendo como professora minha mãe que era mais velha e ficou responsável de ensinar a ele e ao Tio Assis em casa depois que os dois passavam o dia nas capoeiras de algodão).
    Sim acho que muita gente tem que conhecer o Titico repentista, que tocou viola com Eliseu Ventania, o Titico político que teve uma história impar dentro de um pequeno município encravado no alto oeste chamado Antônio Martins! Sim o povo tem que saber o quanto humano era aquele homem, e desinteressado materialmente... E que ao contrário do que diziam os ataques (comentários) injuriosos e mentirosos que foram perpetrados contra ele e você num blog anônimo: SOS Antônio Martins (blog esse que não merece qualquer respaldo pois não dá direito a resposta, distorce os textos, vidas e condutas).
    Ele não era "um vereador que só fez para si e para a sua família”...Não amigos meu tio era um "vereador que não dormia", uma pessoa que não colocava sua posição de "homem bom" (vereador) acima de sua cidadania.
    Aos antônio-martinenses... Sabem aquela capela do bairro muquém? Bem, Tio Titico trabalhou lá como servente, mesmo ocupando um cargo eletivo (não sei ao certo se na época ele era vereador ou vice prefeito).
    Senhores é isso... Não podia deixar de comentar e, dizer que ver a imagem dele(meu tio) sendo denegrida de forma gratuita magoa profundamente... “Mas são os comentários do Blog, e não configuram a opinião do blogueiro”...Simplesmente não acredito nessa tese meus amigos, porque o dito blogueiro compactua com a opinião de seus leitores anônimos, deixando que seus comentários sejam aceitos....No fim leitores e blogueiro são “farinha do mesmo saco” e imagem que tenho deles é esta:Um blogueiro covarde e anônimo e que aceita comentários de pessoas covardes e anônimas que comentam com um só objetivo: magoar, machucar, por pura e simples politicagem covarde barata ! Bom no fim acabei botando para fora alguns sentimentos que estavam encravados e que não me deixavam dormir direito há alguns dias... Só tenho mais uma coisa para dizer sobre esse texto tão nostálgico de você César... Ao lê-lo me bateu uma profunda saudade e uma imensa sensação de vazio.

    Eriberto Esdras de Oliveira.
    Ao Senhor Dr.Jânio, quero dizer que me tornarei um leitor assíduo do seu espaço virtual. Também tenho um blog: www.eribertoesdras.blogspot.com ,não é de noticias que nem o do senhor. é só apenas um espaço para colocar o que sinto, o ativei somente a alguns dias e nem vou procurar atualiza-lo direto, só quando o tempo me for generoso, convido-o dar uma olhada na minha primeira postagem oficial, é uma crônica histórica com uma pinsslada de fábula.
    Eriberto Esdras de Oliveira

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    Respostas
    1. Ok, meu amigo Eriberto, este meu espaço terá prazer em receber leitores da sua estirpe. Sempre olharei seus escritos, bem como divulgarei aos colegas seu blog. Um grande abraço.

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