sábado, 12 de setembro de 2020

BIOCOMBUSTÍVEL À BASE DE TANGERINA

Luiz Alberto, Luciene, Keverson e Ramoni acreditam que o desenvolvimento dessas tecnologias alternativas ajuda a contribuir para o aperfeiçoamento profissional dos estudantes de pós-graduação, na medida em que estimula o desenvolvimento de processos inerentes a pesquisa

A elevação das taxas de dióxido de carbono na atmosfera, substância que provoca chuva ácida, aquecimento global e elevação dos níveis oceânicos, é um dos efeitos diretos da ampla utilização de combustíveis derivados do petróleo. Como alternativas, indústria e governos ao redor do mundo procuram por combustíveis baseados em fontes renováveis e que não poluam o meio ambiente. Uma delas materializa-se no biodiesel, em substituição ou mistura ao óleo Diesel: produto renovável, não tóxico, biodegradável e que pode ser usado em motores de ignição por compressão, ou seja, motores diesel que equipam caminhões, ônibus e picapes.

Contudo, durante a produção do biodiesel, uma das principais questões ainda em estudo é o uso de um catalisador adequado com a natureza do óleo utilizado. Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), um grupo de cientistas acabou de desenvolver um processo inovador de produção de biodiesel a partir de óleos vegetais, baseado em um novo catalisador obtido da casca in natura de uma fruta bastante consumida no mundo, a tangerina Ponkan (Citrus reticulata Blanco).

Coordenadora da equipe responsável, a professora Luciene da Silva Santos defende que, diante do cenário mundial pela procura de processos “verdes”, isto é, menos nocivos ao meio ambiente, biodegradáveis e que possam promover um reaproveitamento sustentável dos insumos gerados pelas atividades humanas, com possibilidade de aplicações industriais, “se faz necessária a busca por alternativas que englobem tanto o processo em si como materiais alternativos que consigam satisfazer essa demanda mundial”.

Desenvolvida pelo grupo de pesquisa do Laboratório de Tecnologias Energéticas da UFRN, a tecnologia resultou em um depósito de pedido de patente, intitulado “Processo de obtenção de biodiesel através do uso de catalisador proveniente da casca in natura da tangerina ponkan (citrus reticulata blanco)”, e que tem também como autores José Alberto Batista da Silva, Keverson Gomes de Oliveira e Ramoni Renan Silva de Lima.

Morador da cidade de Montanhas e professor de química, José Alberto explica que o processo patenteado foi aplicado para produção de biodiesel através de reações de transesterificação básica. A transesterificação para obtenção de óleos ocorre através da mistura de óleo vegetal ou gordura animal com um álcool chamado de cadeia curta, geralmente etanol ou metanol, na presença de catalisadores. Os óleos vegetais são obtidos do girassol, amendoim, mamona, algodão, dendê ou da soja. Este último é o material que os pesquisadores usaram preferencialmente nos experimentos, acarretando que o produto já nasça com uma boa opção de matéria-prima, haja vista que o Brasil é referência mundial em produção da semente de soja.

Por suas vezes, enquanto Keverson Gomes de Oliveira listou que a nova tecnologia tem facilidades por se tratar de um resíduo da produção agrícola, com grande produção nacional e mundial, compreende uma fonte precursora de baixo custo e grande disponibilidade, Ramoni Renan Silva de Lima acrescentou que o novo processo apresenta uma metodologia de fácil aplicação com tempo de duração curto, com um catalisador, no caso a tangerina, pode ser reutilizado em sucessivas reações de produção de biodiesel podendo obter elevados rendimentos reacionais. “Contudo, a formação do catalisador em si ocorre em um único processo, com características específicas provenientes da fonte utilizada”, pontuou Luciene Santos.

Frisando que a tecnologia desenvolvida está em estágio avançado de desenvolvimento, o grupo de pesquisadores vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) frisaram ainda que a aplicação do catalisador pode ser voltada para a produção de bioprodutos como o biolubrificante, por exemplo), o que expande a aplicabilidade do dispositivo. Eles disseram ainda as próximas etapas do estudo incluem ajustes no processo de obtenção do catalisador, com aumento de rendimento na produção do biodiesel.

*Produzido pela Agência de Comunicação da UFRN - AGECOM

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