domingo, 10 de setembro de 2017

O NAVIO por Napoleão de Paiva

Ela me atravessou com a alegria
De um navio embandeirado
De apito estremecedor

Eu que tinha a agonia de uma vida
Sem acontecimentos, música lenta
De trompete oxidado em surdina

Tomou-me conta como uma possessão
Dominação colonial sem escritura, mas
Curou a dor que não me deixava dormir

Conhecê-la e sair indene, não havia como
Sua melodia a pregar-se à pele e nervos
Há de ter sido carta às locas da amorosidade

Todo esse tempo passado foi melhor que
O agreste quase deserto de agora, sem água
E remissão, fruto travoso jiló feito não

Na manhã em que o navio (e suas bandeiras)
Partiu, fiquei a calcular quanto tempo se leva
A resistir ao sol. Ou para entrar no mar e morrer.

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