domingo, 30 de julho de 2017

AS PEDRAS DA LOUCURA por Napoleão Paiva

Talvez um dia ainda se descubra a relação inquietante entre
a pedra e a loucura ou, melhor dizendo, o papel das pedras no caminho da loucura.

El Bosco e Pieter Bruegel imortalizaram médicos e embusteiros operando cabeças para extrair a suposta e estúpida pedra.

Na infância distante não era incomum ouvir-se: fulano, que andava abalado, de pesadelos povoado, agora está atirando pedra,
Ou, está louco de atirar pedra,
Ou ainda, (quando o quadro era gravíssimo) está atirando pedra na lua!

No caso, quem sabe, a paisagem inóspita e pedregosa facilitasse
o encontro delirante da criatura com o astro dos enamorados.

O que dizer então da divina Virgínia Woolf, na distante Lewes,
condado de Sussex, sudeste da Inglaterra:
Não atirou pedras a ninguém,
mas encheu-se delas,
lotou os largos bolsos do vestido solto
e caminhou extraviada das  margens  à superfície das águas,
e daí ao fundo do rio...
para enfim se acalmar.

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